quarta-feira, 23 de março de 2011

Pensem nas crianças



A gente esperava voltar com um assunto mais light. Bastavam as nossas notícias bombásticas.

Mas duas crianças a mais a caminho, na forma de neta e filho, abalam qualquer estrutura emocional, que treme ainda mais forte diante do que o mundo assiste estarrecido pelas telas das TVs, dos PCs, dos iPhones, dos smarts...

Aquelas crianças mudas, telepáticas, esqueceram?

Como pode um país que viveu na pele a tragédia nuclear, repetir o drama, agora não por um ataque do inimigo, mas pelo movimento natural de um planeta que já não consegue mais suprir a demanda humana?

A energia atômica é responsável pelo abastecimento de 25% do que o Japão consome. Um quarto do que gasta a terceira maior economia do mundo em PIB nominal, e a terceira maior em poder de compra – o quarto maior exportador do mundo – vem da mesma fonte que dizimou 140 mil pessoas em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki, sem contar as mortes posteriores em consequência da radiação.

Minha razão não consegue encontrar explicações para o meu filho quando ele pergunta por que o Japão tem tantas usinas nucleares além de Fukushima. ‘Bem, o Japão não tem petróleo...’ ‘Mas o Brasil tem, mãe. Pra que usina nuclear em Angra?’ ‘Sei não, filho’

Bom, pelo menos a gente não tem terremoto, tsunami. Quer dizer.

Em sua crônica no jornal O Globo, ‘Celacanto provoca maremoto', Arnaldo Jabor fala que a impressão que se tem é que "o sentido do acontecimento é o acontecimento não ter qualquer sentido". E cita Hannah Arendt e Gunter Anders, apud Jean Pierre Dupuy:

"O escândalo hoje em dia é que um mal imenso possa ser causado com uma completa ausência de malignidade, que uma responsabilidade monstruosa possa andar a par com uma total ausência de más intenções. O caráter inverosímil da situação é de cortar o fôlego. No mesmo instante em que o mundo se torna apocalíptico, e isto por culpa nossa, oferece a imagem de um lugar habitado por assassinos sem maldade e por vítimas sem ódio. Em nenhuma parte há traços de maldade, não há senão escombros. A ausência de ódio e ausência de escrúpulos serão uma coisa só. (...) Na atividade do mundo chamada "tecnologia" é que a história está acontecendo; a tecnologia virou o "sujeito" da história, na qual somos apenas "co-históricos."

Viramos o ano 2000, e o mundo não acabou. Viraremos 2012, 2013, e não, não acho que o mundo vá acabar. Mas, nesse ponto (porque às vezes ele é chaaaato), concordo com o Jabor: precisamos de uma ética política global. Mas qual? Quem vai dar as ordens? Quem vai botar as cartas na mesa?



O Rei de Todos os Monstros

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No blog da Maria Frô:

Angra dos Reis: solidariedade às vítimas do Japão e repúdio à insegurança nuclear

Em Angra, ambientalistas, professores, estudantes e a população fazem ato em solidariedade às vítimas do Japão e em repúdio às falsas verdades do programa nuclear.

... lembraram que o continente e nem a Ilha Grande recebem a atenção devida dos governos lembrando que a estrada Rio-Santos é precária e desmorona durante todas as chuvas. Não existem abrigos seguros na cidade, o transporte público é ineficiente; a cidade não dispõe de um bom hospital e a falta de informação reina na cidade sobre como funciona uma usina nuclear e os riscos que ela trazem para a população.


Angra fica ali do lado de Ilha Grande, a vítima das enchentes do ano passado, antes da Serra... Lembram?

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Há cerca de dez dias venho fazendo um trabalho de pesquisa de 1981 a 2011. Mais 10 anos e eu fazia o filme da minha vida :)

Mas é impressionante, este ano ainda não tem uma imagem positiva para marcar 2011.

Bom... ainda.

Ainda tem ano à beça. E a gente vai ter algumas pra compartilhar. Logo, logo.



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Em (avançado) tempo:
Era pra este ser um post de despedida. A crise dos 40 já bateu na porta, eu não atendi, mas ela promete soprar, soprar...

Daqui a 2 meses e alguns dias, essa que vos fala não será mais balzaquiana. Mas antes da idade da loba tem história.

E, aliás, quem tem medo do lobo mau?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pu-ta-quiu-pa-riu. Era o melhor goleiro do Brasil



Em fevereiro – graças a Deus – tem carnaval, sou Flamengo e de quatro em quatro anos no meio do ano o mundo pára para olhar uma bola.



A jabulani ainda está em campo, o Brasil não está mais lá, mas o mundo está olhando pra nós. 2014 é com a gente mesmo. A pátria de chuteiras, pentacampeã, a seleção canarinho (maldita camisa azul), celeiro dos melhores do mundo.



Os melhores do mundo...

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Meu filho veste o uniforme, calça a chuteira, me dá um beijo e um abraço e vai pro futebol. Dez anos, já tá indo sozinho! No quarto, o pôster do Flamengo já não está lá. Era o pôster do Brasileirão, hexacampeonato do Mengão.

Ele nunca mais vai gritar Puta-quiu-pariu. É o melhor goleiro do Brasil!!!

A maior torcida do Brasil está estarrecida. O Brasil está estarrecido.
Ou deveria estar. E a gente não deveria ver coisas (não consigo adjetivar) como isso http://twitter.com/alee_alcantara/statuses/17909647237

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Matéria do Estadão, de 4 de julho: Dez mulheres são mortas por dia no País E muitas delas poderiam ser evitadas. Como a de Eliza.

Os números mostram que as taxas de assassinatos femininos no Brasil são mais altas do que as da maioria dos países europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5 caso por 100 mil habitantes, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul (25 por 100 mil habitantes) e Colômbia (7,8 por 100 mil).

“Quanto mais machista a cultura local, maior tende a ser a violência contra a mulher”, afirmou a psicóloga Paula Licursi Prates, doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, que realiza estudos sobre homens autores de violência.




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A advogada de Eliza Silva Samudio, Anne Faraco, é especialista em vara de família. E em casos envolvendo jogadores de futebol.

É. Isso mesmo. Advogada especializada em amantes de jogadores de futebol. Existe isso. Porque existem muitos deles que compram carrões, compram mansões, compram mulheres.



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Quantos meninos não sonham em ser um jogador de futebol? O melhor do Brasil? O melhor do mundo?

Muitos não têm outra oportunidade na vida se não a sorte de ser visto por um olheiro. E se tiver talento e sorte de chegar a um grande time, aí sim, as coisas começam a mudar. Patrocínios, passes, milhões.



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O caso Bruno é obviamente um caso extremo. Psicopatia... enfim, muita notícia vai rolar. O lado podre da mídia vai explorar cada detalhe sórdido do assassinato. E a gente que mal se recuperou do caso Nardoni, vai ter muito jornal a virar, e canal a mudar diante dos filhos que não conseguem entender.

Eu não consigo explicar.

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Esse post tá um bocado desconexo. Eu tinha que botar isso pra fora de alguma maneira.

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Quando o Brasil perdia da Holanda, meu filho passou os 3 minutos de acréscimo chorando agarrado na minha cintura. ‘Não deu, mãe’. Choramos juntos com o goleiro Júlio César, quando ele pediu desculpas aos brasileiros. E lembrei a ele que daqui a quatro anos a bola tá com a gente.



(continua)

Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O que importa é a gema

Existe um abismo entre o que os outros vêem sobre você, o que você vê e como gostaria de ser vista.

Mesmo envelhecendo, a largos passos, a genética veio a meu favor. Me sinto múltipla.

Diversos personagens que completam a identidade que me concederam: Sophis, Sophia. Tão ermitã e prática como as mulheres com ascendente em capricórnio, a origem do meu nome vem do latim e é conhecida como “a sábia”.

Nesse autobatismo, décadas de vida e quatro anos de blog, permitiram ouvir e compartilhar experiências com desconhecidos, conhecidos, amigos e aqueles que se dizem.

A teoria é fato: o universo feminino é indecifrável e é constante mutação.Não em ciclos de 28, mas a cada segundo.

Mas o que importa? O pinto quase concebido. Escondido na casca que, por necessidade ou cisma mesmo, insistimos em usar.

Os outros me vêem como guerreira. Eu me vejo como uma mulher de bigodes – encubada, louca para vestir meu Armani e sair por aí. Sem culpa.

Como eu gostaria de ser vista? Como a essência feminina, aquela que sente por simplesmente sentir. Que sabe quando vai chover, que lê a natureza com os olhos do coração. Sabe quando o sol vai se por, sabe pelo olhar da alma o que o outro e, principalmente, ela mesma precisa.

Uma conectada, quase um animal.

Sensível. Absoluta. Linda por existir. Sem grilos, sem cuca entupida. Focada no agora, construindo o hoje e se o futuro for bom, que o seja por merecimento.

No fight.


E você? Como é a sua tríplice?
Nos diga. Estamos curiosas.