segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tudo que transborda, preenche.




Quem acompanha nossas histórias sabe que escrevemos com o coração. Sem pretensões nem futuros desejos, o ‘Desbancando’ é a esponja que seca e alivia o nó que às vezes não sai da garganta.

Quem busca entender, esqueça. Não há nada linear na montanha russa de sentimentos de Bia e Sophia.

Lembranças.

Julho de 2009 – Livraria da Travessa.
Entre uma reunião e outra, pego um táxi [quase no escambo] e um livro me encontra. Um presente para um passado que continuava.
O presente pro meu caos que eu queria de volta.

Setembro - Sebo Baratos da Ribeiro.
Noite. Reencontro. Re-começo.
Duas mãos entram juntas e se dispersam em meio a livros, discos, fotos. Tem cheiro de história naquele lugar. E dentro dele, outro livro me encontra.
Quando folheio, levo. Quando leio, choro.

E não digo mais nada. Apenas sinto.
E por isso compartilho aqui o texto de Paula Gicovate que por si só já conta minha história. Ou parte dela sobre (o) tudo que transborda.

“Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim, sorri. Quanto tempo dura?” Caio F.

Só hoje, durante a tarde que chove, pensei em te comprar um livro e te escrever um conto. Já sabia a dedicatória e como eu começaria a escrever o conto. As frases de Caio entrariam nas duas, e o livro, seria dele.

Só hoje, durante essa tarde onde só chove, pensei em terminar tudo duas vezes. Pensei no não palpável, no meio, na minha falta de perspectiva e esqueci de tudo quando lembrei de algum momento sublime e besta onde o medo me evapora. Eu sou uma idiota. Só hoje, pensei em me jogar na chuva e lavar o drama que me escorre. Me sinto uma idiota. Parei de teorizar o amor e a prática me enlouquece, escrevo textos de cinco páginas e me envergonho de cada linha. Me acho fraca, e não sei lidar com isso. Hoje já pensei em cinco formas diferentes de te expulsar de mim e quis gritar quando percebi que “amor tranqüilo” nessa minha vida é infindável, e aceitei o caos com que eu vivo meus dias.

Ontem eu estava lá e imaginei como seria. Você misturado nos meus amigos e nossos cigarros e problemas de gente atrapalhada e ainda não totalmente vivida que se abraça e se conforta e que como gato esfrega um o rosto no outro como se assim as coisas se resolvessem. Mas você não estava e me incomoda essa linha imaginária que divide tudo. Pensei em te deixar de novo, e depois, quando os outros foram embora e roçavam a barba no meu pescoço com um jeito meio cafa de se despedir para ver se provocavam em mim algum tipo de reação, eu quis voltar ao caos emocional dos “quatro cantos do seu quarto.”

Hoje nessa tarde chuvosa que ainda pinga da madrugada chuvosa de ontem também eu parei pra pensar no meu mundo que você não vê e pensei em cada um que um dia levou pra casa o pacote completo. A falta de ar, a rouquidão, a doença que não passa, a insegurança inevitável, o meio de tudo, a sensação do meio que me emudece desde o início, tudo me faz pensar em cinco formas diferentes de te deixar.

E tudo o que eu consigo fazer é entrar na livraria e vencida pelo cansaço te comprar um livro que verbalize toda a angústia de gostar mais de você do que qualquer outra pessoa.
E todo o caos a que você me expõe desaparece de dentro de mim quando a única coisa que eu consigo sentir é o que não é palpável. Isso de me sentir viva simplesmente por não saber mais como voltar para o que era calmo.

Você é puro caos. E eu também.
E se chamam isso de sadismo baby... Eu chamo de amor.