terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Vou beijar-te agora, não me leve a mal hoje é carnaval.



Amamos o carnaval. São quatro dias em que todos “parecem” e “querem” ser livres.

Exorcizamos nossos berros nas baterias dos blocos – “Viver e não ter vergonha de ser feliz” ou ainda “Você pagou com traição a quem sempre te deu a mão”, nove entre dez sambas no circuito Rio de Janeiro, mantras cantados por mocinhas e mocinhos que ainda acreditam que a vida pode e deve ser assim.

E por que não?!

Gente que você nunca viu, muitos conhecidos, outros de longa data. Antigos amores com novos amores, recentes decepções que cismam em reaparecer, possíveis amores efêmeros. Lógico... É carnaval.

Velhinhos nas janelas saudando a juventude que desfila. Fantasias, máscaras, felicidade... Procura. Olhares se encontram, se desviam. Indiferença. Entre confetes e serpentinas alguns “caboclos” passam da linha e são rapidamente descartados, ou não.

Nessa festa “profana” [ ops!] Colombinas, Pierrôs e Arlequins se esbarram entre uma calçada e outra. O conto, que tem origem na Comédia Italiana, mostra a cruel escolha de uma Colombina entre um Pierrô sentimental, ingênuo e romântico e um Arlequim farsante e cômico.

A escolha entre um caminho constante e um amor profano e temporário.

Mas, meninas e meninos, leiam com atenção: o amor se compõe dos dois. Entre o beijo doce e duradouro, queremos o desejo e a aventura. Para o Arlequim, o corpo. Para o Pierrô, a alma. Para o primeiro o céu, para o segundo, a terra.

Nessa duplicidade, dizem que o desejo morreria se Arlequim e Pierrô fossem um ser somente. A gente não acredita nessa máxima.

Vale a dica: em todo Pierrô reside um Arlequim. E vice-e-versa.


N.B: Mas quem são eles?

Personagens de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte, nascido na Itália do século XVI. Integrantes de uma trama cheia de sátira social, os três papéis representam serviçais envolvidos em um triângulo amoroso: Pierrô ama Colombina, que ama Arlequim, que, por sua vez, também deseja Colombina. O estilo surgiu como alternativa à chamada Commedia Erudita, de inspiração literária, que apresentava atores falando em latim, naquela época uma língua já inacessível à maioria das pessoas. Assim, a história do trio enamorado sempre foi um autêntico entretenimento popular, de origem influenciada pelas brincadeiras de Carnaval. Apresentadas nas ruas e praças das cidades italianas, as histórias encenadas ironizavam a vida e os costumes dos poderosos de então. Para isso, entravam em cena muitos outros personagens, além dos três mais famosos.