quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Send Amor



Saudades de receber carta escrita, fita gravada com direito a chamada da rádio. Saudosismo analógico de receber bilhetes anônimos na sala de aula, presentes de um e noventa e nove e telefonemas que terminam com o silêncio cheio após o “Alô”.

Por isso e por tantas outras coisas que Sophia se surpreendeu em receber na mesa de um bar – não poderia ser diferente – um manuscrito em letra de forma, no verso de um papel já aproveitado, uma carta de amor.

Indireta. Confusa. Sincera. Humana. Escrita.

Cheia de um tudo que faz parte do todo de nós.

“Porque por mais que seja internamente repetitivo, e pode-se explicar, talvez, pelo fato de não ter sido internamente discutido a importância de se expressar sobre isso.

Porque ela me faz bem e é isso que importa: a leveza da relação, o bem-estar pessoal, a sensação de calmaria que se tem quando se para e pensa que existe alguém por quem nutrimos sentimentos não forçados.

Porque nessa porra dessa gangorra que é a vida, onde, assim como os carros, as pessoas chegam e vão embora, cada um carrega nas costas o peso da missão atribuída; vemos os transeuntes perdidos com olhares vazios ocos, sem brilho. Dependendo da criatura é importante uma segurança e paz afetiva.

Porque me recuso a acreditar em perfeição. E, diante dessa prerrogativa e levando-se em conta o oposto do que consideramos perfeito, só o fato de não trazer consigo pequenos delitos impróprios para a paz interior já é uma porra de medalha que temos que carregar de forma orgulhosa no peito.

Porque o entendimento de um simples olhar, as coisas claras na troca de exclamações e somando tudo isso a uma série de outros fatores, deixa mais cristalino bem-estar do responsável e supervisão full time pela ausência de lágrimas e similares que é a porra do coração, este órgão primitivo; refém das armadilhas da mente.”

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tudo que transborda, preenche.




Quem acompanha nossas histórias sabe que escrevemos com o coração. Sem pretensões nem futuros desejos, o ‘Desbancando’ é a esponja que seca e alivia o nó que às vezes não sai da garganta.

Quem busca entender, esqueça. Não há nada linear na montanha russa de sentimentos de Bia e Sophia.

Lembranças.

Julho de 2009 – Livraria da Travessa.
Entre uma reunião e outra, pego um táxi [quase no escambo] e um livro me encontra. Um presente para um passado que continuava.
O presente pro meu caos que eu queria de volta.

Setembro - Sebo Baratos da Ribeiro.
Noite. Reencontro. Re-começo.
Duas mãos entram juntas e se dispersam em meio a livros, discos, fotos. Tem cheiro de história naquele lugar. E dentro dele, outro livro me encontra.
Quando folheio, levo. Quando leio, choro.

E não digo mais nada. Apenas sinto.
E por isso compartilho aqui o texto de Paula Gicovate que por si só já conta minha história. Ou parte dela sobre (o) tudo que transborda.

“Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim, sorri. Quanto tempo dura?” Caio F.

Só hoje, durante a tarde que chove, pensei em te comprar um livro e te escrever um conto. Já sabia a dedicatória e como eu começaria a escrever o conto. As frases de Caio entrariam nas duas, e o livro, seria dele.

Só hoje, durante essa tarde onde só chove, pensei em terminar tudo duas vezes. Pensei no não palpável, no meio, na minha falta de perspectiva e esqueci de tudo quando lembrei de algum momento sublime e besta onde o medo me evapora. Eu sou uma idiota. Só hoje, pensei em me jogar na chuva e lavar o drama que me escorre. Me sinto uma idiota. Parei de teorizar o amor e a prática me enlouquece, escrevo textos de cinco páginas e me envergonho de cada linha. Me acho fraca, e não sei lidar com isso. Hoje já pensei em cinco formas diferentes de te expulsar de mim e quis gritar quando percebi que “amor tranqüilo” nessa minha vida é infindável, e aceitei o caos com que eu vivo meus dias.

Ontem eu estava lá e imaginei como seria. Você misturado nos meus amigos e nossos cigarros e problemas de gente atrapalhada e ainda não totalmente vivida que se abraça e se conforta e que como gato esfrega um o rosto no outro como se assim as coisas se resolvessem. Mas você não estava e me incomoda essa linha imaginária que divide tudo. Pensei em te deixar de novo, e depois, quando os outros foram embora e roçavam a barba no meu pescoço com um jeito meio cafa de se despedir para ver se provocavam em mim algum tipo de reação, eu quis voltar ao caos emocional dos “quatro cantos do seu quarto.”

Hoje nessa tarde chuvosa que ainda pinga da madrugada chuvosa de ontem também eu parei pra pensar no meu mundo que você não vê e pensei em cada um que um dia levou pra casa o pacote completo. A falta de ar, a rouquidão, a doença que não passa, a insegurança inevitável, o meio de tudo, a sensação do meio que me emudece desde o início, tudo me faz pensar em cinco formas diferentes de te deixar.

E tudo o que eu consigo fazer é entrar na livraria e vencida pelo cansaço te comprar um livro que verbalize toda a angústia de gostar mais de você do que qualquer outra pessoa.
E todo o caos a que você me expõe desaparece de dentro de mim quando a única coisa que eu consigo sentir é o que não é palpável. Isso de me sentir viva simplesmente por não saber mais como voltar para o que era calmo.

Você é puro caos. E eu também.
E se chamam isso de sadismo baby... Eu chamo de amor.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sexo e Fluxo



Energia vital, chackras, boas vibrações.
Tempo, clima, ar.
Trânsito [tráfego ou solar].
Bolsa de valores, investimentos, grana.
Taxa de material, utilitários quebrados.Aquela infiltração que cisma em aparecer.

Tudo deve e pode ser motivo para justificar nossos humores, relações, decisões.

Sophia encontrou uma amiga que está se reconstruindo.

Helena (só podia ser Manoel Carlos mesmo) está, digamos, repensando a vida.

- E aí amiga? Como estão indo as coisas? Novidades?
- Ah, Sophia... Decidi que a partir de agora só sigo meu fluxo.

Legal esse negócio de fluxo. Pode até ser de 28, 30 dias. Pode ser de acordo com a lua. Pode ser qualquer coisa!

- Helena, me explica. Que classificação você dá para “seguir seu fluxo”? Veja bem pra onde isso vai te levar. Isso é coisa da sua cabeça.

- CABEÇA! Isso. Falou tudo.

Fiquei desprevenida com a emoção atribuída à palavra dita, mas mexi a minha cabeça com aquela cara de bons amigos e de conteúdo [parafraseando Tom Zé: tô te explicando pra te confundir]. E concluí... É, a gente é o que a gente pensa. Mais ou menos assim que funciona, né?

- Não, Sophia. Você não entendeu nada [Nesse minuto minha cabeça real fervia. Meus neurônios idem. Quero uma cerveja, pensei]. A coisa é muito mais profunda. A partir de hoje, da zero hora de hoje, decidi que meus relacionamentos vão começar no fluxo certo. Antes era assim ó:

Boceta – coração – mente

Entende?

Só me restou dizer, prossiga.

Helena atendeu ao meu pedido e com emoção continuou: o fluxo boceta-coração-mente é sinônimo de boceta-coração-fudeu. Isso é contra fluxo energético. Raciocina: a energia não vai de baixo para cima. É de cima para baixo.

(risos eternos)

E começou a apontar para a sua própria cabeça – aliás, e a propósito - e para seus chackras com o indicador. "A única forma de mantermos relações duradouras em um período sorumbático é seguir o fluxo energético.
Cabeça-coração-boceta. Assim a gente tem mais garantia de ser feliz."

Não me contive e precisava de uma resposta mais prática com relação a essa narrativa tão pessoal e iluminada.

- Helena, posso te perguntar uma coisa?
- Fala.
- Você tem dado? Assim, trepado, transado, feito amor... Sei lá.
- Não.
- Ah, então ok. Tá explicado. Só me resta dizer, fudeu.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Independência e sorte



Um dia você olha bem pra sua vida e percebe que aquilo que você conhecia por vida a dois chegou ao fim. Acabou, cansou, foi bom enquanto durou, mas não dá.

De repente é até... bom ainda. Mas nada muito mais que ‘bom’.

- Eu gosto dele, mas ele hoje é muito mais meu amigo do que meu homem.

- A gente se dá muito bem, mas falta alguma coisa.

- Eu o admiro, respeito, mas... falta tesão.

- Ele é um ótimo pai, excelente companheiro, mas falta química na relação.

- A gente se dá bem na cama, se dá bem como amigos, mas ele não quer nada da vida.

- Eu sei que ele gosta de mim, eu gosto dele... mas ele é um galinha.

- Eu quero estudar, viajar, quero mais pra mim do que ficar sentada esperando o domingo passar.

- ...

Seja qual for o motivo (e a gente poderia continuar essa lista por mais posts e posts), chega uma hora em que o peso dessa relação é simplesmente insustentável pra quem fica. Mas daí a sair da percepção do ‘acabou’ pra certeza do ‘não dá mais’, a gente sabe muito bem que não é fácil.

Não é fácil bancar a decisão da separação perante pais, filhos e amigos do feliz casal. Não é fácil se explicar pros seus filhos, que talvez por um bom tempo vão te acusar de ser a ‘bruxa má’ da história, que você ainda é jovem, bonita, tem uma vida inteira pela frente e o direito de tentar ser feliz de novo.

Não é nem um pouco fácil se re-apropriar da sua casa, e de um dia pro outro ter que consertar a torneira da pia, trocar a lâmpada da cozinha, ou fazer as compras de mês.

Não é nada, nada fácil rearrumar o armário que agora está vazio, e comporta todas as suas roupas, bolsas, sapatos (ai, como ele reclamava do sua fixação em sapatos) e bugigangas.

Não é fácil olhar pra sua cama de casal sábado à noite, enquanto as crianças dormem na sala e você zappeia e tenta a sorte na tevê.

Não é fácil administrar sozinha toda uma agenda de consultas, terapias, pagamentos e afins.

E também não é nem um pouco fácil assumir que você está, sim, sozinha, mas muito melhor assim. Sem peso, sem cobrança, sem maiores explicações. Sem hora pra acordar no feriado de independência, fazer café, voltar pra cama, escrever um pouco ou ler um livro. Botar um creme no cabelo, uma touca plástica, cortar a unha do pé. Ouvir uma música bem brega, ler o jornal que ontem você não leu (e que ainda está com o caderno de esportes intacto!) ou pensar sobre a crônica de domingo da Martha Medeiros que você não esqueceu.

‘Fico imaginando as histórias que podem não ter acontecido com você. Namorar uma pessoa por oito anos e romper dias antes de subir ao altar: não ter casado pode ter sido a melhor coisa que nunca lhe aconteceu, vá saber o que o destino lhe ofereceu em troca. Ou você não ter passado num concurso. Nunca ter recebido a ligação que tanto esperava. Nunca ter recuperado um objeto perdido que o deixava preso a lembranças paralisantes. ...

É uma visão generosa da vida: imaginar que os não-acontecimentos fizeram diferença, que você está onde está não só por causa das escolhas que fez, mas também pelas especulações que nunca se confirmaram. Ao manter esse caráter desestressado, eliminamos a palavra derrota do nosso vocabulário e a alma fica mais aliviada, o que não é pouca coisa nesse mundo em que tanta gente parece pesar toneladas devido ao mau-humor e ao pessimismo.’

Continuar casada pode ter sido a melhor coisa que não me aconteceu. Ainda que não seja fácil, ainda que por muitas vezes eu pense ‘E se não tivesse sido assim?’.

Pensar que a gente nunca vai saber como teria sido se tivesse sido diferente é libertador. E como bem disse a Martha, ‘ter o espírito aberto funciona’.

Boa sorte.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vai passar.

Sophia não tem passado muito por aqui… Não tem passado muito bem.

Pra falar a verdade, o passado tem incomodado bastante. Quando pouco madura, as dores e perdas eram como machucados de criança: superficiais, fruto de estripulias saudáveis e curadas com band-aids de personagens de contos de fadas. Nada que causasse uma lembrança presente.

Tudo vinha e passava...

Presente.

Nada divertido para compartilhar. Menos Polyana mais Nelson Rodrigues.
Momentos de introspecção, de solidão. Análise.

Lá de dentro do ventre ela tira luz para conseguir cumprir a etapa mais difícil.
Ao invés de olhar-se no espelho como faz todas as manhãs, ela vê. E mesmo não gostando muito, encara a cara da alma e enfim decide destruir para reconstruir.

É... Algumas escolhas precisam ser feitas para viver intensamente o momento.

Ao longe três passarinhos cantando: “You’re gonna find yourself somewhere, somehow”.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A fuga da Terra do Sempre



Que coisa, nosso último post nada tinha a ver com a NeverLand que ficou, desde a última quinta-feira, definitivamente conhecida como o reino projetado e pometido por MJ (que Deus o tenha).

[Naquela mesma quinta, 25 de junho, morria também, de câncer e ofuscada pela morte de Michael, a atriz Farrah Fawcett. Intérprete dA Pantera Jill, que marcou toda uma geração de hoje balzacas, que, além de Jills, queriam 'ser' Kellys e Sabrinas.

Mas, voltando à Terra do Nunca, o resgate das Wendys e Sininhos, que coabitam em toda mulher, deu lugar a uma tentativa de fuga da Terra do Sempre – fuga breve, quase fugaz, mas uma fuga, ainda que apenas por alguns dias.

Sempre atrasada. Sempre estressada. Sempre ocupada. Sempre pronta pra tomar alguma decisão. Sempre armada, sempre apressada, sempre cobrada - principalmente por si.

Microférias, diante desse quadro, acabam por dar uma pausa no 'sempre'. Um raro instante pra refletir no que temos feito com o nosso Tempo e Espaço - de mãe, de filha e irmã, de profissional, de amiga, de mulher...

Mas acabam. Amanhã a tal 'vida normal' continua. E entre o Sempre e o Nunca, a única certeza pela frente é de um Talvez.

Bora lá.

domingo, 7 de junho de 2009

A volta da Terra do Nunca


Acordei.

Entre um fechar e abrir de olhos finalmente descobri por que Peter e a sua legião dos meninos perdidos sempre me fascinaram. Descobrir não é necessariamente entender. Descobrir é mágico, entender é transformação.

Em transformação...

Na ausência de Peter, um menino perdido também valia. Mas Peter é o líder, com ele é mais fascinante. Junto dele... Liberdade. Peter mostra mundos distantes, aventuras nunca antes vividas, falta de compromisso, “Panis et circenses”.

E chega o dia que se quer mais do Peter. O que mais divertia agora mais angustia. E você aposta, mostra, conduz e - o pior - se sente forte e indispensável. Afinal, quem sabe das melhores escolhas? Você. Uma visão [distorcida] de força.

Todo Peter tem sua Wendy e sua Sininho. Com a primeira o amor é incondicional, quase materno. Com a segunda é impossível. Sininho é tão pequena... E some, e retorna e some de novo até nunca mais voltar.

Essa é a transformação. Fui e sou uma Wendy. Admito. Daquelas que abdicam e permanecem, esperando o dia em que seu Peter vai finalmente crescer, sem abandonar o que foi o estopim de um grande amor... A leveza, a brincadeira. E, aí sim, participar da mudança do menino em Rei, de braços abertos para levar a cansada Wendy em uma linda carruagem.

Cansada.

Na verdade Wendy e Sininho são dois lados de uma mesma mulher. A Sininho, antes Wendy, pode esperar por uma carruagem mágica, mas chega a hora que ela quer, assim como Peter, voar. As Sininhos também ficam e até acreditam na pseudomudança.

Fantásticas essas mulheres, detentoras do maravilhoso pó mágico que Peter usa para poder escapar e voltar para a Terra do Nunca.

Sininho quer espontaneidade, crescimento e adaptação mútua no relacionamento com um homem. E, mesmo atraída pelo descompromisso, ela rompe e busca novos voos sem entender muito bem porque aquele amor azedou e voa em busca da próxima aventura.

Uma vez tomada a decisão, a Sininho nunca volta.

Hoje, aprendo a voar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Há 15 anos


Esse post está em construção. E em contração.

Há 15 anos, com pouco mais de 15 anos eu também, experimentava as dúvidas, angústias, sonhos e anseios vivos na barriga ainda prenha - 8 meses redondos de pura expectativa.

No céu, a lua eclipsada irradiava um lume contido, de quem espera a melhor hora pra brihar.

Ela não esperou. Ou melhor, ela sabia, já era hora de estrear.

A essa hora (a primeira meia-hora deste dia 25), preparava-me para dormir aquela que seria a última noite como apenas mulher. Em poucas horas, quando a lua enfim se despedisse do horizonte para o soberano astro reinar, eu me veria então como mãe, com todas as dúvidas, angústias, sonhos e anseios vivos naquele pequeno ser que acaba de chegar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Prenez Soin de Vous. (Cuide-se.)


Já falamos aqui sobre o que parece ser cada vez mais um sinal (ocupado) dos tempos. D.R. por e-mail, bate-boca por msn, ponto final via sms...

Covardia? Falta de respeito pelo que se viveu? Sem respostas, um dos maiores nomes da cena artística contemporânea, a francesa Sophie Calle recorreu a outras mais de cem mulheres – entre atrizes, cantoras, bailarinas, tarólogas, DJs, palhaças, advogadas e até sua mãe – para interpretarem, por ela, o grand finale.

‘Só chamei mulheres porque acho que essa carta não poderia ter sido mandada de um homem gay para outro, ou de uma lésbica para outra. É uma típica carta enviada de um homem para uma mulher’, explica Sophie.

O convite resultou na exposição que provocou polêmica na 52ª Bienal de Veneza, passou por Paris, Tóquio, Hong Kong, Munique e Nova York. E chega em julho ao Brasil, no SESC Pompéia, São Paulo, seguindo em setembro para o Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador.

Mas o melhor da história mesmo é que Sophie também vem para a Flip, onde dividirá a mesa ‘Entre Quatro Paredes’ com ninguém menos que o ex, o escritor francês Grégoire Bouillier. Será o primeiro encontro público dos dois.

...

‘Recebi uma carta de rompimento.
E não soube respondê-la.
Era como se ela não me fosse destinada.
Ela terminava com as seguintes palavras: Cuide de você.
Levei essa recomendação ao pé da letra.
Pedi a 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão,
para interpretar a carta do ponto de vista profissional.
Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la.
Esgotá-la. Entendê-la em meu lugar.
Responder por mim.
Uma maneira de ganhar tempo antes de romper.
Uma maneira de me cuidar.’
Sophie Calle


N.B.: Alguns registros da obra de Sophie:

Cuide de Você, de Sophie Calle, a São Paulo e Salvador

Sophie Calle ou surpresa das surpresas

Sophie Calle na Bienal de Veneza

domingo, 26 de abril de 2009

Reflexão

Nosso costume é diversificar os assuntos das postagens, mas ainda tenho tantas palavras dentro de mim sobre o Recaída que resumir a um comentário, seria no mínimo banal.

O post não trata de uma recaída em específico, mas das nossas recaídas internas, que não se restringem somente aos assuntos do coração. Elas podem representar a reflexão sobre a recorrência e sobre a forma que pilotamos nossos processos, o limite dos outros e até onde podemos ir.

A arrumação de todas as gavetas do armário que compõe a vida. A sua vida.

Admito. É impossível ser lua cheia o tempo todo. Estou na minguante. Acordei assim.

Quero liberdade para me permitir.
Quero o hábito da felicidade pela simplicidade.
Quero ser uma pessoa cada vez melhor. Não para alguém, sobretudo para mim.




N.B.: Há quem ame e odeie. Sem extremos,limito a dizer que Sophia curte Fernanda Young. Na nossa leitura dominical, sim no momento em que escrevo este post, recebi uma ligação da Bia [que fique claro, não são acontecimentos combinados, mas um dia ainda terei a resposta que justifique a tamanha sincronicidade entre eu – Sophia – e minha amiga, Bia ] e me limito a transcrever parte da coluna de Fernanda Young, na Revista O Globo de hoje....

“Será que, para escapar da dor, devo logo abraçar a euforia da simples alegria de viver, e sair cantando refrões tolos pela própria felicidade da tolice?
Não, obrigada. Prefiro o tédio total ao conformismo preguiçoso da solução pelo coletivo. Prefiro nunca mais ir a festas do que me embriagar da burrice que alivia. Mil vezes carregar na alma esse vazio, do que tentar moldar situações e pessoas, idiotas, que caibam por tempo limitado, nesse espaço vago. Que todos têm de nascença, ninguém escapa, pois, ora bolas, o que dói mesmo é ser sozinho no mundo, e isso é o que todos somos.(...)

(...)Enfim, e se me fosse ofertada a chance de não sofrer qualquer dor, aliviando os conflitos que a vida me trouxe, os amores que me largaram e deixaram mágoas tatuadas n’alma, e conseqüente solução para o tal buraco que n’alma é feito? Antes de aceitar, hesitaria, como um Hamlet desajeitado: caso seja através da lâmina fria de um punhal, o.k., mas se for para ficar anestesiada em meio ao coro dos contentes histéricos, jamais.
É preciso ter dor para ser feliz sem ser idiota”

sábado, 25 de abril de 2009

Recaída



Não tem muito jeito, não. Mais dia, menos dia, você acaba tendo uma.

Dizem que ex é que nem Mc Donald’s: você sabe que faz mal, mas um dia acaba comendo.

Dependência?

Carência?

Querência?

Um não sei se quero misturado com um querer que não se sabe muito bem quão é querido... ou quanto vale a pena.

O quereres e o estares sempre a fim

Mas um dia você acorda ao seu lado – ou ele acorda junto a você. A lembrança do que passou (passou?) apaga eventuais tropeços, desencontros... Você tem saudade, é fato. Foi bom. Vale pensar numa volta? Num recomeço?

No início você pode pensar que é só uma abstinência.

‘Eu posso viver sem ele.’ ‘Posso dormir sem ele.’ ‘Ser feliz sem ele.’

Claro que pode. Resta saber qual o caminho (solução? alternativa? escolha? ...) mais fácil. Mais confortável. Menos doloroso. Menos ansioso.

Às vezes é preciso voltar, sim. E pagar pra ver.



N.B.: Esse texto foi escrito quando Bia voltou a fumar, depois de 35 dias de Separação do cigarro. Não deu, ela não segurou a ansiedade, teve uma recaída e voltou. Mas sabe que tem que dar um basta e vai tentar de novo. Enquanto não consegue, vai assistir ‘Fumando, espero’, que estreiou nesse fim de semana.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Está nascendo um novo homem?



Dia desses, o @marcelo_almeida me surpreendeu com um poema em ode à lua que enchia redondamente amarela e linda o céu de sexta à noite. Dias depois, o mesmo poeta que se identifica como pai da Carol indicou esse comercial da Sprite (não é post pago, quem dera) como um dos melhores que ele já viu: “Identificação completa... várias dessas nos últimos 7 anos”. Não conheço o Marcelo pessoalmente, mas pela bio descobri que, além de poeta, ele é judoca.



Dias antes, ainda, outra twittada (é, viciamos mesmo no passarinho) me chamou a atenção: “O Homem Novo, meu amigo”. Também não conhecia o @IvanHM, nem sabia que ele é Diretor-Executivo de Época, mas o enunciado de um homem sobre um novo homem... e ainda por cima amigo dele? Esse eu tinha que conhecer.

Um pouco decepcionada com o final da história (penúltimo parágrafo), fiquei mais aliviada ao receber do Ivan a resposta de que o homem novo existe por aí, aos pedaços, parcialmente em construção, ainda.

Fico feliz em poder compartilhar alguns desses pedaços. Poderia até citar outros homens que já experimentam essa reconstrução do masculino e a conquista necessária do tal “teritório doméstico” da mulher. Quem sabe eles até se identificam por aqui?

Nascida sob o signo da “emancipação” feminina, contemporânea da pílula anticoncepcional, sempre tive a mais pura convicção de que o homem precisava queimar a gravata em praça pública. Primeiro porque não admito mesmo a ideia de trabalhar de terno e gravata num calor de 40º – viva a rasteirinha que nós, mulheres, conquistamos o direito de usar. E segundo e principalmente porque convivo com uma espécie que infelizmente ainda não está em extinção. Está em nossas casas, empresas, e se bobear ainda se desenvolvendo nas universidades, escolas nas ruas.

Mães de meninos (eu de um quase-pré-adolescente de 9 anos, e Sophia de uma dupla de 7 e 5), temos uma absurda responsabilidade (até porque, com muitas de nós, a responsabilidade fica mesmo por nossa conta e risco) na criação dos novos homens que gostaríamos de ver crescer. O que talvez passe por uma revisão maior de nossos próprios conceitos sobre diferenças e igualdades. Talvez esse novo homem nem precise saber o que são gérberas. Mas cuidar do filho e no final da balada agarrar a própria mulher, ah, isso é urgente, sim.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Nesta data querida.




7 de Abril é o 97º dia do ano no calendário gregoriano (98º em anos bissextos). Não somos especialistas em cálculos, mas as horas dedicadas ao dever de casa dos filhotes evidenciam que ainda faltam 268 dias para acabar o ano. E que ano...

E esse dia tem lá a sua importância. As conjunturas astrais fizeram esta dupla emplacar. Foi neste dia, em específico no ano de 1831, que o imperador Pedro I do Brasil abdicou em favor de seu filho, Dom Pedro de Alcântara, então com 5 anos de idade, e nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva seu tutor.

[Pausa]
Sempre [ou quase, rs ] abdicamos de nosso império pelos nossos filhos. E nada de tutores. Abraçamos a maravilhosa causa, pro que der e vier.

Coincidência ou não, em 1908, Carlos Lacerda, fundou a ABI – Associação Brasileira de Imprensa e, por isso, dia 07 de abril é considerado o Dia da Imprensa.

[Pausa]
Eita necessidade de comunicar. Tá bom somos publicitárias, mas e daí?! Colegas jornalistas juntem-se a nós.

1943. Primeira síntese do LSD, dietilamida de ácido lisérgico, por Albert Hofmann.

[Pausa]
O que é LSD? TP, Nicotina, e outras coisitas mais?! Desconhecemos... Lembram do post da Felicidade Artificial? Saímos dessa.

Alguns bons posts tiveram como mote inicial nossas frequentes guerras internas e externas, principalmente quando nos indignamos com problemas comuns a pães superpoderosas. Entre tapas, crises, discussões e jornadas de cinco turnos existe uma explicação história. Dia 07 de abril de 1939. Segunda Guerra Mundial: A Itália invade a Albânia.

Geeks como somos [e somos mesmo] não poderíamos deixar de ter vindo ao mundo virtual na data de nascimento simbólica da Internet. Exatamente neste dia, em 1969.

O bom disso tudo? Ainda tem muita estrada pela frente.


...


Duas mulheres de mais de 30, quase 40. Duas meninas de dois anos. Duas histórias que se cruzam. Dois seres com signo solar em ar, ascendente em terra e lua em água.

Diferentes, porém complementares. Loucas sadias, mas suficientemente competentes para travar a insanidade no momento certo. E depois voltar, e ir e voltar de novo.

Duas mulheres que decidem, de uma vez por todas, tornar o ato de escrever uma terapia.

Bia e Sophia.

domingo, 8 de março de 2009

Nosso “santo” dia


World Builder from Bruce Branit on Vimeo.

Quem foi que queimou aquela p… do sutiã, hein? Nos avise. Mesmo que hoje já tenha passado desta para melhor, pelo menos podemos marcar um chazinho das cinco com as descendentes desta mulher.

Foi necessário. Afinal boa parte do que temos hoje se deve à força e determinação das desbravadoras daquela época. Mas os rumos que isso tudo está tomando... Tsc, tsc.

Jornadas triplas. Exigências pessoais por padrões de beleza, educação dos filhos e eficiência no trabalho. A máxima é o mínimo desejável.

Sem mágoas ou preconceitos, mas um dia dedicado exclusivamente para nós, mulheres, nos causa certas dúvidas internas. Devemos parabenizar todas as nossas amigas? Ou dar um tapinha nas costas e falar ironicamente: “Ó..parabéns por hoje, viu?”

O mundo é construído por todos nós – homens, mulheres, crianças, negros [afrodescententes], deficientes [portadores de necessidades especiais] e por aí vai. Um monte de rótulos criados para definir em “castas” os grupos que sofrem ou que recebem “menores condições” perante aos demais.

Ainda me lembro bem o dia que me deparei com um vagão do metrô [com uma faixinha rosa!] destinado exclusivamente para as mulheres. Fiquei indignada. Tá... Podem me chamar de tudo – inclusive, fui alvejada por minhas amigas por criticar este tipo de segregação – mas me preocupa o caminho que a humanidade está tomando. Daqui a pouco, para evitar constrangimentos teremos vagões para negros, deficientes, arianos, judeus. Regressão? O tema é polêmico, sabemos.

A maioria delas ficou feliz. Afinal podem fazer a sua viagem sentadas, sem constrangimento em função daqueles “eventuais” sarros que, infelizmente, as meninas menos favorecidas financeiramente e que pegam os trens e as interligações sofrem.

Mas não seria tudo uma questão de educação? Ordem e progresso? Vamo lá pessoal...a gente agora se preocupa em atender o problema pontual. A causa, depois a gente vê. Ou nunca.

E você deve estar se perguntando o que este vídeo maravilhoso tem a ver com tudo isso.

Nós, homens e mulheres, construímos nossas vidas juntos. Somos complementares. Antigamente em nome desse feminismo – pegamos o respingo dele – não aceitava que um namorado, ficante, amigo fizesse gentilezas para mim. Afinal, somos iguais.
Direitos iguais [dá um tempo, ele está pensando que eu sou o quê?].

Hoje entendemos. Direitos iguais, formas complementares.

Nós queremos, sim, alguém que abra a porta do carro, que dê a mão e nos posicione ao seu lado esquerdo da calçada. Que eventualmente faça a gentileza de pagar a conta, mandar flores ou simplesmente ligar. Que entenda que somos diferentes, mas que precisamos um do outro. E que sim...cuide da gente e nos ame na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença, até que a morte nos separe.

Romântica. Sabemos.

sábado, 7 de março de 2009

Cafajestagem




“Os cafajestes, os canalhas, os que fazem uma mulher sofrer... são esses que vão ser lembrados pra sempre, os inesquecíveis.”

A cena – desculpem a re-repetição, mas o assunto insiste em vir à tona – do penúltimo capítulo de Maysa poderia ter um outro desfecho, fosse ela um pouco mais segura, menos mimada, mais consciente de si.

Ok, cafajestes mesmo quando “esquecidos” insistem em ressurgir das cinzas e, depois daquela cafajestagem-mór, aparecem como se nada tivesse acontecido, com um “você foi muito importante pra mim” ou um “sempre penso em você”.

Mas vamos combinar que você não é mais uma garotinha, certo? Já viveu o suficiente se não para errar, para não cair no erro outra vez. Paga suas contas – e muitas aqui pagam as contas dos filhos –, honra seus cabelos brancos, suas varizes e rugas de expressão, e não tem absolutamente por que se envergonhar da idade ou da vida “feita” que tem. E se ele foi uma grande trepada (sim, cafajestes costumam ter esse dom), saiba que essa não foi nem precisa ser a única da sua vida.

...

O bom de se ter um blog anônimo, sem publicidade e com poucos (embora fiéis, especiais e idolatrados salve-salve) seguidores, é que a gente pode postar algumas bobagens que vêm à cabeça na hora em que a gente bem entender.

Com todo o respeito à Cássia, que a gente adora e morre de saudades, temos certeza de que se fosse mulher, separada, mãe de dois filhos e alvo de uma tentativa de re-cafajestagem, ela aprovaria nossa tosca versão-desabafo de “Malandragem”.

Balzacas, contra a cafajestagem, uni-vos!


Cafajestagem

Não, eu não sou mais uma garotinha
Esperando o ônibus da escola, dos filhos
Cansada, com minhas meias 7/oitavos (a Kendall)
Esbravejando alto pelos quatro cantos: eu fui uma menina má!

Eu sei, o príncipe
no fundo era um sapo
Que não paga pensão, não pega os filhos e ainda enche o saco
E vive a vida só de sonhar

Eu só peço a Deus
Menos cafajestagem
Pois já não sou criança
E conheço um pouco mais a verdade
Não sou poeta, mas não desisti de amar
Não sou poeta, mas não desisti de amar

Bobeira é viver só na realidade
E eu ainda tenho uma noite inteira (jornada dupla é pouco)
Eu ando nas ruas
Eu troco um cheque (o cartão e até o vale-refeição)
Esqueço a planta de regar (afinal ela não chora, não berra, nem diz “que saco”)

Não dirijo meu carro (vou de ônibus, volto de táxi)
Mas tomo meu pileque
Mesmo não tendo tempo pra cantar
Nem pra malhar, pra dançar, pra viajar...

domingo, 1 de março de 2009

Believe...isso ainda existe.

Bolinhas coloridas e saltitantes. Corações idem.
O mundo pára. Só existe você e ele.

Paixão que pode preceder - ou não - o amor. Pois se fosse eterna a morte cardíaca seria certa.

Acreditem meninas...Isso existe.

N.B: Só fiquei preocupada se o peixinho sobreviveu...rs!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Vou beijar-te agora, não me leve a mal hoje é carnaval.



Amamos o carnaval. São quatro dias em que todos “parecem” e “querem” ser livres.

Exorcizamos nossos berros nas baterias dos blocos – “Viver e não ter vergonha de ser feliz” ou ainda “Você pagou com traição a quem sempre te deu a mão”, nove entre dez sambas no circuito Rio de Janeiro, mantras cantados por mocinhas e mocinhos que ainda acreditam que a vida pode e deve ser assim.

E por que não?!

Gente que você nunca viu, muitos conhecidos, outros de longa data. Antigos amores com novos amores, recentes decepções que cismam em reaparecer, possíveis amores efêmeros. Lógico... É carnaval.

Velhinhos nas janelas saudando a juventude que desfila. Fantasias, máscaras, felicidade... Procura. Olhares se encontram, se desviam. Indiferença. Entre confetes e serpentinas alguns “caboclos” passam da linha e são rapidamente descartados, ou não.

Nessa festa “profana” [ ops!] Colombinas, Pierrôs e Arlequins se esbarram entre uma calçada e outra. O conto, que tem origem na Comédia Italiana, mostra a cruel escolha de uma Colombina entre um Pierrô sentimental, ingênuo e romântico e um Arlequim farsante e cômico.

A escolha entre um caminho constante e um amor profano e temporário.

Mas, meninas e meninos, leiam com atenção: o amor se compõe dos dois. Entre o beijo doce e duradouro, queremos o desejo e a aventura. Para o Arlequim, o corpo. Para o Pierrô, a alma. Para o primeiro o céu, para o segundo, a terra.

Nessa duplicidade, dizem que o desejo morreria se Arlequim e Pierrô fossem um ser somente. A gente não acredita nessa máxima.

Vale a dica: em todo Pierrô reside um Arlequim. E vice-e-versa.


N.B: Mas quem são eles?

Personagens de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte, nascido na Itália do século XVI. Integrantes de uma trama cheia de sátira social, os três papéis representam serviçais envolvidos em um triângulo amoroso: Pierrô ama Colombina, que ama Arlequim, que, por sua vez, também deseja Colombina. O estilo surgiu como alternativa à chamada Commedia Erudita, de inspiração literária, que apresentava atores falando em latim, naquela época uma língua já inacessível à maioria das pessoas. Assim, a história do trio enamorado sempre foi um autêntico entretenimento popular, de origem influenciada pelas brincadeiras de Carnaval. Apresentadas nas ruas e praças das cidades italianas, as histórias encenadas ironizavam a vida e os costumes dos poderosos de então. Para isso, entravam em cena muitos outros personagens, além dos três mais famosos.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Capítulos intensos do livro da vida.



Não podia deixar de comentar um post que li hoje, no meio dos meus alfarrábios e indicado no Twitter por um de meus follows.

Tenho que admitir que mesmo amante das palavras, encontro certa dificuldade em desplugar e mudar a freqüência. Minha mente é hiperlinkada, os assuntos emendam uns com os outros e, ao final do dia, a realização por conseguir me manter imune ao barulho, as piadas sem graça e, por vezes maldosas, é fruto de muuuuuuuito treino.

Sou chamada “carinhosamente” de autista. Rótulos sacais...

Para quem não conhece Sophia, parte de mim e batizada pelo nome que tem certa história – isso fica para depois – saiba que ela sempre se imagina em uma bolha azul, impenetrável, que faz com que a sua concentração e foco ultrapassem os limites de sonorização e do papo besta [detesto papo inútil].

Semelhante aos filtros do Adwords e GA, Sophia, por amor pelo que resta de sua sanidade mental, consegue manter uma proteção auditiva e só ouvir o que realmente vale à pena [naquele momento, claro!]

Foi bom acessar o post "De como amei cada uma de vocês" do nosso colega blogueiro e teresinense , até então por nós desconhecido, que atende pelo nome de Pedro Jansen.

Mesclando sutileza e a racionalidade comum aos seres de três pernas [pf, aceite como um elogio] nosso desconhecido conseguiu definir carinhosamente que estamos todos na mesma “vibe” e que, bem ou mal, estamos com maturidade recriando a época do amor livre, o amor que existe enquanto dura, sem rótulos, gostoso, leve e que pode, ou não, ser só por hoje, só por cinco minutos... Mas que seja inteiro, intenso e seguindo naturalmente o seu rumo.

Identificação total. Demorei para perceber isso, mas a arte de ser inteiro deve existir independe do tempo e do momento existente.

Aproveitem o momento amigas. Que sejam eternos enquanto durem. Essa magia é o suficiente. O melhor que vocês podem oferecer um ao outro, são atitudes simples, porém intensas.

O amanhã? Fruto do hoje.
Cansei de brincar de Nostradamus, por ora não desço pro play.

Vamos fluir por inteiro, seja por uma noite, duas semanas, cinqüenta anos. Com a certeza de que um capítulo do livro da sua vida deu certo, da maneira que tinha de ser e até onde tinha que dar.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Reunião Balzaca: Quinta 12, Sexta 13, Sábado 14.



Uma lenda da mitologia nórdica diz que a deusa do amor e da beleza Friga se transformou em bruxa – não, não usamos vassouras como transporte - quando as tribos nórdicas e germânicas se converteram ao cristianismo e como vingança pelo abandono "Friguinha" se reunia toda sexta-feira 13, com outras 11 bruxas e o demônio, para rogar pragas aos humanos.

Hahaha.. Seriam o demônio os homens? Os Deuses astronautas? Não. Confirmando teorias anteriores nós não somos mulheres mal amadas ou frustradas. Apenas verdadeiras. Apenas falamos o que está na goela e somos espelho de milhares de outras mulheres que vivem vidas estressantes e confusas com tantas demandas em um dia que deveria ter, pelo menos, 32 horas.

Que tal ter um dia para culpar tudo que acontece de errado? Ôba! Cria-se a sexta 13. E ponto. Tudo é culpa da maldita data. Mais fácil, né? Uns dizem que a fé nasceu para tirar a falta de esperança nos homens. Os mitos e crenças podem ter nascido disso também [momento propício para quem está relendo Brumas de Avalon... rsrs].

Só sei que hoje, sexta 13, Sophia, Bia e suas inseparáveis balzaquianas depois de uma semana terrível, estressada, vão se juntar para curtir uma boa sexta-feira, que nada terá de azarada, será ótima, cheia de risadas, boas tiradas, humor e alguns encontros não tão agradáveis.

Mas estamos aí. Estufa o peito, encolhe a barriga e vamos nessa que amanhã nossos filhotes nos esperam... Para um final de semana totalmente dedicado àqueles que são parte de nós.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Quem mandou dormir no ponto?



Sensacional o Bus Slogan Generator. Quer brincar também? É só acessar, digitar o seu e mandar ver.

Faz aí e manda o link pra gente ver como ficou.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Todo mundo acha Q tem um Q de FDP



Sophia tinha uma máxima [as máximas desaparecem com o passar dos anos] que decisões deveriam ser tomadas de forma prática. A dor teria que vir como uma facada, implacável, de uma única vez.

Nada de homeopatia. Desce pela goela um bom antibiótico.

“Se você subiu 30 andares para se jogar de um prédio, se mata logo. Ou vai mudar de idéia e descer tudo de novo?” Teoria babaca. Mais uma pro caderninho. Vivendo e aprendendo.

"A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração..."


A dor é inevitável. Mas você decide entre cultivá-la ou aceitá-la. O passado, passou. O que importa agora é o que fazer com o que se aprendeu.

Com a idade vem a simplicidade.

Sophia se orgulha de poder se permitir. Se errou, pelo menos tentou. Se acertou, aproveitou. E assim gira a roda da vida, o medo sempre vai existir, mas conviver com a frustação de não ter tentado...impossível.

Hoje ela sabe que qualquer que seja a decisão, sempre alguém sairá magoado. E isso não faz de ninguém um FDP na sua plenitude. Ô consciência: me deixa errar, acertar, voltar atrás. Mas me dê um freio e sabedoria para, na medida do possível, decidir.

Isso é ser livre. Isso é ser dona do seu destino, responsável por suas escolhas.

Sophia hoje está plena.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Resposta



O ano começou.

Nada mais, nada menos, que um dia após o outro com uma Lua no meio. Racional, né? Que nada. A gente fica envolvida no astral universal e, nessa época analisa [ou se permite, pelo menos]nossa vida, nossos planos, sonhos, mágoas.

E como bem disse minha inseparável amiga Bia estamos na toca. Sim, não por muito tempo, mas o quanto for necessário. E por isso que nos rendemos à teledramaturgia.

"Eu só digo o que penso, só faço o que gosto e aquilo que creio. E se alguém não quiser entender e falar, pois que fale", avisava Maysa, na letra da canção Resposta.

Ela foi pioneira, sim. Teve coragem, concordo. Um pouco descontrolada e mimada.
Quem não tem telhado de vidro, atire a primeira pedra.

Em 2009, nessa vida agitada, existem muitas Maysas por aí que falam o que pensam, que estão de bar em bar, que bebem demais, que fumam demais...

A diferença é que hoje a gente não precisa ser uma só. Nós somos dez, vinte, cem mulheres com suas diferentes facetas e que trocam de figurino dependendo da ocasião.

Imagino como esta Maysa, agora descoberta em sua essência no diário que deu origem à série, deva ter sofrido numa época que prazer, dever e realização não podiam caminhar juntos.

Daí a revolta, daí a inevitável escolha. Encarada com um misto de culpa, egoísmo, rejeição, rebeldia. E uma pitadinha de auto-afirmação quando, por vezes, ela insite em gritar para si mesma que é uma boa mãe.

“Há gritos incríveis dentro de mim, que me povoam da mais imensa solidão.”

Pra vocês, um 2009 de multi-facetas, multi-tarefas, multi-desejos...sem culpa e com a certeza que podemos ter realizações completas.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ouça



‘Um vendedor ambulante, o camelô Vicente, após confusão nos bastidores de uma boate, troca sua mala de muamba por uma outra contendo dinheiro falso. Ignorando o fato, não aproveita a "erva" que é descoberta pela dona da pensão onde mora e acaba utilizando dos mais aéticos expedientes para vender sua mercadoria. Mas, assim mesmo encontra dificuldade para pagar os aluguéis atrasados.’

Essa é a resenha de ‘O camelô da rua larga’, filme em que Maysa canta ‘Ouça’ – a música em que na minissérie ela anuncia sua decisão de separar-se de André Matarazzo.
Não vimos o filme, mas estamos acompanhando (embora não tenhamos visto – ainda – o 3º capítulo* – breve no Youtube) a minissérie dirigida pelo filho da rainha da fossa. Maysa foi a fossa em pessoa. Bêbada, sofrida, muito bem e tantas vezes mal amada, péssima mãe, duvidosa filha, intensa, impulsiva, inconstante, fugaz...

Maysa, hoje na TV, pode faltar um pouco, pode equilibrar por demais técnica e emoção, pode... dane-se o que estão dizendo as críticas... mas tem os diálogos do Manoel Carlos, uma puta fotografia, a trilha da rainha da fossa, e a direção do filho que ela não 'pôde' cuidar.

* Correndo o total risco de parecer repetitivas, Bia e Sophia falam de mais uma minissérie da Globo. Mais uma prova de estarem em casa, entocadas, vendo TV, desde Capitu? E daí? De vez em quando é bom. Toca, colo de filho... também amamos muito tudo isso.