sexta-feira, 13 de abril de 2007

Que azar, que nada. Sexta-feira 13 de abril é o Dia Internacional do Beijo no Brasil.

Se tem uma coisa que a gente aprende com a maturidade é não esperar que ele ligue no dia seguinte. Ou no dia anterior. Ligue você mesma. Ou, na melhor das hipóteses, mande um torpedo.
Invenção dos deuses esse tal de SMS. Mídia ideal pra um teaser pré-encontro ou pra uma pesquisa de recall.
(Duro é quando a resposta só chega horas, quando não dias depois. Nesse período, os olhos não desgrudam do aparelhinho que te acompanha até no banheiro. Mas isso é só um detalhe. E viva a mobilidade!)
Pois ainda nem chegou sexta-feira de uma semana em que, pra variar, trabalharam que nem mulas, e Bia e Sophia já estão com borboletas na barriga.

- Será que eles vão ligar? (Mudam os personagens, mas o dilema é o mesmo.)
- Dessa vez eu vou esperar que o convite venha dele. Todos os últimos fui em quem fiz. (Um pouco de estratégia não faz mal a ninguém, afinal somos PLENAMENTE independentes. Leveza e frescor das de 20 com a maturidade das de 40).
- Isso mesmo! Mas... todo dia eu mando pelo menos um torpedinho. Será que se eu não mandar um torpedo logo amanhã, que é sexta-feira, ele não vai achar que eu não quero sair com ele logo na sexta-feira? (Sophia tem uma mania quase insana de achar que a Bia pode prever o destino. Nesse ponto a maturidade ainda não serviu pra nada, e confessa: isso às vezes enche o saco!)
- Ah, sei lá! Não sei nem de mim...
- Mas amanhã a gente vai fazer alguma coisa. Se eles quiserem ir também... (Santa independência... Fazer as coisas do jeito que a gente deseja, quase sempre sem pressa pra nada. Sabendo aonde queremos chegar).
- Isso! A gente pode conhecer a Chopperia Brazooka*, que inaugurou essa semana na Lapa.

Cada uma volta pra sua respectiva casa a tempo, finalmente, de supervisionar a lição das crianças e colocá-las pra dormir. Uma vez por semana pelo menos elas tentam amenizar a típica culpa das mães que trabalham demais e que de vez em quando se divertem. E se esforçam pra fazer isso principalmente às quintas, antes de uma sexta-feira.

Mas, peraí! Amanhã é sexta-feira 13!
- Ah, não! Que azar! Logo agora que o negócio parece que tá engatando!, pensa Sophia.
Numa rápida olhada pelos jornais online, Bia reza para que a maldição da sexta 13 tenha se antecipado. Afinal, hoje o trânsito transformou o Rio de Janeiro em um verdadeiro caos devido a alguns acidentes graves em alguns pontos da cidade: no túnel Zuzu Angel, na Avenida Francisco Bicalho e na Linha Amarela.
Êpa... nem tudo está perdido! Eis que ela descobre que essa sexta-feira 13 não é uma sexta-feira qualquer. E rapidamente manda um SMS via MSN (e viva a convergência!) pra amiga:

- Sophia, já tenho o texto pro torpedo de amanhã. “Sorte do dia: Sexta-feira 13, Dia Internacional do Beijo no Brasil. Pratique!”


N.B.: A chopperia Brazooka é o mais novo empreendimento dos sócios da Casa da Matriz. Com 4 ambientes e 370 lugares, fica na Mem de Sá, 70, do ladinho do Teatro Odisséia (mais uma casa dos “donos da noite”), que também é uma ótima pedida – nessa sexta tem Teatro Mágico, um projeto multi-artístico que reúne elementos do circo, do teatro, da música, da poesia e do cancioneiro popular. Mas a Lapa promete muito mais pra uma sexta-feira! Principalmente pra um Dia Internacional do Beijo no Brasil.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Maridos Modernos

Tudo ao mesmo tempo agora. Impressionante a capacidade que a mulher tem de fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo. Se o cérebro feminino fosse visto por raios-X, tipo aqueles de desenho animado (o único programa de TV que a gente consegue assistir em paz quando se tem filhos) seria cheio de compartimentos, gavetas, uma de cada cor, uma para cada assunto. E como elas se abrem rápido! Duas, três ao mesmo tempo e a gente tendo que dar conta... Contas, outra gaveta.

Sophia não é nem um pouco diferente de Bia. Enquanto uma pensa em um novo jeito de saber lidar com o ritmo frenético de matar um leão por dia e ainda por cima de forma inteligente e estratégica, a outra tem a difícil tarefa de, ao mesmo tempo, gerenciar pessoas e fazê-las transformar o nada em alguma coisa, interessante e criativa ainda por cima.

- Sophia, telefone pra você.
- Quem é?
- Sua mãe.
(Se a gente agüenta tanta coisa, por que não agüentaria a mãe?)
- Agora?! Tá passa.
- Oi mãe, tô no meio de uma reunião.
(Tentando parecer equilibrada, moderna, capaz.)
- Sabe o que é? As crianças têm futebol hoje e eu tava pensando... Qual a cor de bermuda que eu ponho neles? Porque eu queria que os dois fossem de azul, mas aquela laranja tá vestindo melhor, e...
(OM NAMANHA SHIVAIA... .).
- Sei... E...
(O mantra não funcionou.)
(Voz ao fundo... Sophia, o cliente quer falar com você agora! É urgente...)
- Então, não quero que eles se vistam com uma bermudinha assim tão velhinha, mas o futebol...
(Colapso.)
- Mãe... Desculpa mas eu realmente não consigo pensar nisso agora... Pega a amarela.
- Que amarela? Eles não têm bermuda amarela...
(Incapaz. Você não sabe nem a cor de bermuda que seus filhos têm...)
- Então compra mãe. Beijos.
(Praticidade, gaveta fechada.)

Sophia se entrega à primeira frustração do dia. Será ela um ser incapaz de ser mãe? Com que roupa eles vão... Não seria essa a maior preocupação que ela deveria ter? A gaveta mais importante que nunca deve ser fechada involuntariamente? Onde não pode haver erro, falha, para aqueles em que a palavra dita é modelo, é levada a sério?

Como as coisas no cosmos acontecem sempre ao mesmo tempo, sempre na mesma conjunção, Bia se depara com outro estratagema...

- Bia, telefone pra você.
- Passa...
- Ó Dona Bia. A gente precisa fazer compras.
(Empregadas... maridos que não te comem.)
- Caramba, é mesmo. Mas aquele dinheiro que eu te dei aquele dia não deu pra comprar as coisas mais urgentes? Leite, pão, lanche pras crianças...
- É que aquele dia já faz uma semana, e a cachorra tá sem comida.
(Putz! A cachorra. Mal consegue dar conta de duas crianças. Infeliz idéia aquela de dar um cachorrinho de presente pra filha antes do irmãozinho nascer. O cachorrinho virou um bicho enorme, sem espaço – desde que Bia encarou a real e resolveu deixar a casa dos sonhos pra um apartamento de 3 quartos sem varanda – e totalmente sem noção de quem manda naquela casa: a empregada ou a filha adolescente. Ela é que não era, claro.)
- Você tem algum dinheiro aí?
(Bia lembra do mantra que a amiga ensinou...OM NAMAHA SHIVAIA = algo de divino está em você. E tenta a saída indolor e mais prática.)
- Mais tarde (bem mais tarde) eu te dou.
- Tudo bem, eu pego o menino na escola e compro antes de fazer o dever.
(É, empregadas são mesmo maridos do tempo moderno. Quem tem uma que cuide).