domingo, 7 de junho de 2009

A volta da Terra do Nunca


Acordei.

Entre um fechar e abrir de olhos finalmente descobri por que Peter e a sua legião dos meninos perdidos sempre me fascinaram. Descobrir não é necessariamente entender. Descobrir é mágico, entender é transformação.

Em transformação...

Na ausência de Peter, um menino perdido também valia. Mas Peter é o líder, com ele é mais fascinante. Junto dele... Liberdade. Peter mostra mundos distantes, aventuras nunca antes vividas, falta de compromisso, “Panis et circenses”.

E chega o dia que se quer mais do Peter. O que mais divertia agora mais angustia. E você aposta, mostra, conduz e - o pior - se sente forte e indispensável. Afinal, quem sabe das melhores escolhas? Você. Uma visão [distorcida] de força.

Todo Peter tem sua Wendy e sua Sininho. Com a primeira o amor é incondicional, quase materno. Com a segunda é impossível. Sininho é tão pequena... E some, e retorna e some de novo até nunca mais voltar.

Essa é a transformação. Fui e sou uma Wendy. Admito. Daquelas que abdicam e permanecem, esperando o dia em que seu Peter vai finalmente crescer, sem abandonar o que foi o estopim de um grande amor... A leveza, a brincadeira. E, aí sim, participar da mudança do menino em Rei, de braços abertos para levar a cansada Wendy em uma linda carruagem.

Cansada.

Na verdade Wendy e Sininho são dois lados de uma mesma mulher. A Sininho, antes Wendy, pode esperar por uma carruagem mágica, mas chega a hora que ela quer, assim como Peter, voar. As Sininhos também ficam e até acreditam na pseudomudança.

Fantásticas essas mulheres, detentoras do maravilhoso pó mágico que Peter usa para poder escapar e voltar para a Terra do Nunca.

Sininho quer espontaneidade, crescimento e adaptação mútua no relacionamento com um homem. E, mesmo atraída pelo descompromisso, ela rompe e busca novos voos sem entender muito bem porque aquele amor azedou e voa em busca da próxima aventura.

Uma vez tomada a decisão, a Sininho nunca volta.

Hoje, aprendo a voar.