segunda-feira, 21 de maio de 2007

Batuque na cozinha

Mães e filhas. Três gerações diferentes, reunidas sob o signo da aparente discórdia. Quatro mulheres. Quatro vidas. Quatro direções.

Aos 13, a filha questiona a forma como a mãe de 36 vem levando a nova vida.

- Vocês não se comportam como mães! Parecem duas adolescentes!

A outra adolescente em questão aos 34 é amiga, criticada pela mãe de 62, que não poupa espinhos e farrapos à filha que tenta reconstruir a vida depois de sofrer por um grande amor. Sem falar no casamento falido... embora esse já faça parte de um passado longínquo, que, além de marcas, deixou dois lindos filhos que a avó ajuda a cuidar – sem, no entanto, abrir mão de espalhar aos quatro ventos todo o esforço e abdicação que ela, vó zelosa, dedica aos meninos “largados” pela mãe.

Mas, ah, o amor... Entre cobranças e culpas, era o assunto que faltava para que as aparentes discordâncias revelassem, naquela cozinha, ao redor da mesa, uma sintonia dissonante de desejos, esperanças e ilusões.

A menina de 13 se surpreende ao descobrir que a mulher de 62, como ela, também se apaixonou um dia por um professor – com uma diferença de mais de 50 anos, já que a paixão se revelou na faculdade que ela há poucos anos decidiu fazer, como mais um dos artifícios para se recompor de um casamento falido, traído e amargurado.

A de 34 não entende por que para a mãe é tão difícil entender a paixão que ela, a filha, agora nutre por – também! – um professor. Alguém com quem ela está aprendendo a segurar a onda, a não definir muito as coisas, e esperar enquanto ele reconstrói a própria vida.

E enquanto isso, a de 36 tenta, de todas as formas, mostrar à filha de 13 que ela, mãe, também está livre para viver um grande paixão. Embora tenha a certeza de que ela, a filha, só vá compreender isso alguns anos mais tarde, quando puder olhar para a mãe da mesma forma que somente hoje a de 34 enxerga a mãe de 62. Simplesmente como uma mulher. Que sonhou e ainda merece amar e viver – como outra qualquer do planeta.

Desculpem nossos leitores por não estarmos no melhor dos ritmos. Vai ver que é o tempo nublado. Ou, quem sabe, o inferno astral da Bia?

Seja o que for, vai passar.


D.B.: Batuque na Fundição

Perc Pan 2007 – 14º Panorama Percussivo Mundial

Grandes percussionistas mundiais se reúnem na cozinha da Fundição Progresso, nessa quarta, 23 de maio: Giovanni Hidalgo, de Porto Rico; Sikiru Adepoju, da Nigéria; Hands On’Semble, dos EUA, The Dhol Foundation, Reino Unido/Índia; Mino Cinelu, da França; e os brasileiros Robertinho Silva, Marcos Suzano e Fernando Moura. Ingressos a R$ 30,00 e 15,00 (meia).
Além do show, os artistas ainda comandam uma série de oficinas, a partir do dia 22 de maio.
www.percpan.com.br

4 comentários:

  1. Tudo passa mesmo... Se não fossem esses momentos melancólicos, não reconheceríamos o sabor dos grandes instantes de nossas vidas... Adoro essa “montanha russa” de emoções do blog!!! Na verdade acho que aprendemos, desde pequenininhas, a ser dependentes de intensidade e drama... Retrata perfeitamente os desatinos, as aflições e os devaneios (nossos e dos outros) que nos atravessam... Sem contar na transversalidade de gerações e como não falar dos conflitos... muitas vezes através de ataques implacáveis contra nós em todos os sentidos... estamos numa posição sanduíche, no meio “da vida” (menina-mulher), no meio das gerações, no meio dos conflitos trigeracionais, no meio das cobranças sociais... ai ai ai... Quando interessa somos jovens demais (entenda-se nos falta sabedoria e responsabilidade)... quando não convém... somos “velhas” demais para viver certas coisas (ridículas e fora do nosso tempo)... Afinal quem somos? Não importa, só sei que o meio do sanduíche é o melhor, quando começamos estamos com muita fome, no finalzinho o apetite quase já se foi... além disso, o que todos querem é o meio em todos os sentidos e seja como for todos valorizam e buscam o recheio não é mesmo? Então um brinde ao “Batuque na Cozinha”!!! Acho que essa busca de identidade das balzacas são realmente o grande frisson deste blog! Até a próxima meninas-mulheres!

    ResponderExcluir
  2. Ah o amor... Eu quase ia esquecendo de comentar... Esse merece um capítulo a parte não acham?

    Chega a dar arrepios...

    Grande beijo meninas!

    Com carinho, Claudia.

    ResponderExcluir
  3. Meninas! Sei do que vcs estão falando. Engraçado isso! Quando era adolescente achava a minha mãe muito velha, e hj aos 36 anos vejo que minha mãe naquela época sofreu a imposição de ser uma senhora! Eu não quero ser isso! Me sinto jovem, no auge de minha forma física (mesmo com celulite e tudo mais), e com uma energia mágica, que está me causando uma puberdade tardia! Tenho meus momentos de mãe, profissional e tudo mais! Não esqueço as minhas responsabilidades, amo meus filhos acima de tudo, mas aprendi que posso viver com leveza! Quero sair, me divertir, namorar e tudo que fazia aos vinte e poucos anos e não tinha grana e nem autonomia pra bancar!Meninas, vamos aproveitar bastante que essa é a melhor fase de nossas vidas!!!

    ResponderExcluir
  4. Oi Meninas!

    Vamos cantar para a de 13 anos o belo trecho da canção de Chico Buarque:

    “Vc não sabe amar meu bem
    Não sabe o que é o amor
    Nunca viveu
    Nunca sofreu
    E quer saber mais que eu...”

    13 anos, ainda tem muito para viver... Mas tenho certeza que um dia ela vai compreender.

    Bjos

    ResponderExcluir