terça-feira, 29 de maio de 2007

O Filme

Essa é a primeira história que Bia e Sophia recebem de uma outra balzaquiana... Sinal de que existem muitas “Bias” e “Sophias” por aí que, não só se identificam com a gente, como vivem essa vida louca vida.

Tudo bem que quando a gente recebeu esse e-mail surgiu até uma pontinha de inveja (inveja boa, tá?!). Pois, se acontece tanta coisa com a gente, como isso ainda (vejam bem, ainda...) não aconteceu? Mas uma coisa é certa: todo mundo um dia viveu uma loucura de folhetim.

E vamos aos protagonistas da nossa história. Até porque a solidão nunca vem sozinha. Essa dança sempre tem um par... Ou quem sabe um trio?

Thelma, 38. Sempre teve alguém que cuidasse “bem” dela. Dos pais superprotetores passou às mãos do marido mais velho, daqueles que proporcionam uma segurança irreal e um amor silencioso. Mas, como diriam os personagens daquele comercial: Tudo beeem... Aos trancos e barrancos se separou – essa é uma outra história –, e a meta mais urgente da sua vida passou a ser a chance de encontrar alguém que pudesse provocar uma emoção e acabar com aquele vazio. A tal da solidão.

Louise. 39. Típica mulher independente. Racional. Sabe como é, né? A gente nunca é isso tudo, mas vale a teoria de que somos quem parecemos ser. Amiga fiel de Thelma, as duas trocam confidências, mesmo que à distância.

J.D... (ih... deixa a idade pra lá, mesmo porque a cronologia não corresponde à idade mental) Definido por Thelma como um “cara interessante”, morava e trabalhava na zona sul do Rio, era separado e de início não quis revelar seu nome.

Thelma se habituou a preencher o vazio entrando diariamente em salas de bate-papo. E se ao vivo já é difícil achar alguém que preste, o termômetro para Thelma (de boa educação e bons precedentes – aquela historinha das nossas mães, “coisa que se aprende no berço”) era a boa e velha língua portuguesa. Sim, até porque é difícil conseguir encontrar alguém capaz de escrever uma frase sem os erros gramaticais que esgotam qualquer fantasia.

Em uma noite comum, a solidão passa a ser um encontro. Dois solitários teclando para resgatar um suposto romantismo. O papo estava ficando, digamos, quente, e assim como acontece no mundo real, resolveram procurar um local mais íntimo. No caso, o MSN.

J.D. se achava... Apesar de não revelar seu nome, as coincidências (a gente sempre acha um pretexto para que elas existam) estavam cada vez maiores. Thelma não sabia muito bem se era carência, mas o fato é que se encantou. Aliás, naquela época, se encantar não era o mais difícil de acontecer. Gostos, locais, profissões em comum: produtor de cinema. Thelma pensou: Ih, eu devo conhecer esse cara! Afinal, recém-separada de um cineasta, lembrou daquela teoria que diz que para se chegar ao Papa bastam seis pessoas.

Assim que ele se apresentou, ela imediatamente lembrou de Louise, que há 20 anos tinha vivido um grande amor com um produtor de cinema. (Se amigas dividem amarguras, felicidades, vitórias e derrotas, por que não o mesmo protagonista de uma possível história de amor?)

- Louise, tô apaixonada.
- Sei. Igual a semana passada. Quem é a “bola da vez”?
- Pode parecer estranho, mas fui conhecendo o cara e ele me lembrou um ex-namorado seu. Como era mesmo o nome daquele produtor de cinema que você namorou?
- Noooosssa, que história antiga. Ué, o J.D.
- J.D?! Ai meu Deus. Tá sentada?

Era ele mesmo. Thelma custou a acreditar. Ela tinha encontrado numa sala de bate-papo, entre mais de mil pessoas, o grande amor da vida de uma de suas melhores amigas.

E a sintonia, coincidência, ebó (sei lá qual o nome), continuava. Toda vez que Thelma teclava com J.D., sem saber Louise ligava pra amiga. Juntas, resolveram assumir uma única personalidade. E como vingança é um prato que se come frio, Louise viu nessa conjunção astral a oportunidade de mostrar para J.D. que o mundo dá voltas. Ô... Se dá. Simultaneamente, Louise dava “dicas” de como e o quê dizer ao J.D. Particularidades estranhas, que iam deixando o rapaz assustado. A brincadeira foi ficando séria... e Thelma envolvida. Numa sinuca de bico. Começando uma história no meio de outra.

E do virtual ao real, sexta-feira Thelma sai do trabalho para comer uma pizza com J.D. Primeiro encontro olho no olho. Ela sabia que não conseguiria mentir a respeito da amiga. Afinal, ter uma pessoa em comum e tão próxima era, no mínimo, surpreendente.

Muitas coisas tinham acontecido desde que ele e Louise romperam. É claro, 20 anos não são 20 dias. Mas, tudo beeem... Ele nem era mais tão bonito assim, nem tão interessante, e, entre os fatos que contou, o que mais chamou a atenção foi um assalto em que ele, baleado, perdeu alguns movimentos do braço. (Nossa como é que deve ser, heim? Assim, naquela hora H! Pensava Thelma. A Louise precisa saber disso!)

No meio da conversa, o celular dele começou a tocar insistentemente. Eram ligações de trabalho e o clima ficou tenso – ele precisava ir até a produtora pegar uns documentos. Thelma prontamente se ofereceu para fazer companhia. Mas nada aconteceu. Nem o clima daquele ambiente vazio, à noite, no meio de fitas e equipamentos deixou o rapaz relaxado. Pena, pensou Thelma. Ia ser no mínimo criativo (rs).

E a sintonia continuava. O interessante é que Thelma ligava o computador para falar com a amiga e logo depois J.D. se conectava. Impressionante. Louise, que já estava de mal a pior no casamento, começou a viver aquela situação na maior euforia. A vida ficou mais excitante e ela dava corda para que Thelma nunca revelasse que, na verdade, ele estava “saindo” com duas mulheres ao mesmo tempo. Afinal, era Louise quem dava as dicas para que Thelma o seduzisse.

Na verdade, Thelma compreendeu que Louise queria mais era viver uma grande emoção. E já que não dava para ser com ela, que fosse com a amiga. Além disso, a curiosidade para saber se ele ainda tinha os mesmos conflitos de 20 anos atrás era grande.

E assim a vida seguia. A sabedoria das balzaquianas sinalizava que o provérbio “devagar e sempre” era a melhor estratégia. Nada precipitado – bem que poderia ser, pois essa de mão na mão, conversa vai, conversa vem, já estava ficando bem monótona. Até que um dia, J.D. e Thelma trocaram um beijo. Não, péra aí, um selinho. Mas, tudo beeem... Já era alguma coisa.

Lá pela terceira ou quarta saída, eles foram a um café. E embora a razão dizesse “não se envolva”, Thelma, mesmo sem querer, já estava envolvida. E como toda apaixonada fica meio pateta, não conseguiu guardar o segredo que mantinha desde o primeiro “tá tclndo d onde?”. Assim como quem não quer nada, falou que eles tinham (bingo!) uma amiga em comum.

J.D. perguntou o nome. Thelma respirou fundo e respondeu. A fisionomia dele se modificou. Foi um susto e um desabafo. Gostei muito dessa mulher, ele disse.

Desde esse momento, tudo mudou. O clima já não era mais o mesmo. De possível amante, lá estava Thelma como a mais nova confidente de J.D. Ele contou situações que viveu, se justificou, procurou culpados (mania da gente achar que sempre há de existir um vilão na trama) e revelou como era complicada essa lembrança.

Mas essa era a pimenta que faltava. Pela primeira vez, J.D. substituiu o “selinho” por um beijo de verdade, desses de cinema, ambiente bem natural para ele. Pronto: a sonhadora e carente Thelma já achou que estava NA-MO-RAN-DO. E com o homem que foi o homem da vida da amiga do peito. Ai, que confusão. Quem estava traindo quem? Mais uma prova de que tudo depende de um ponto de vista.

Dali partiram para a casa de Thelma, que começou a ficar preocupada com a súbita mudança de atitude. Esse homem é esquisito, pensou. O comportamento dele a chocou: J.D. entrou e foi direto procurando o quarto e a cama. E se jogou literalmente (caiu por terra a teoria de que, no mundo virtual, quem escreve bem tem bons precedentes...). Thelma ficou pasma. Mas... Tudo beeem! O desejo era maior.

Nada mais de mão na mão. Beijos ardentes trocados e pronto... Hora de colocar a camisinha. Detalhe: Thelma não tinha a menor prática em usar camisinha. Nunca usava o preservativo com o marido e, nas outras relações que teve, quem vestia o “bicho” era o parceiro. Só que ele tinha problemas físicos no braço, lembram? E aí começou o drama de Thelma. Quem manda não fazer um cursinho básico de colocar camisinha? Taí: não tem curso preparatório de vestibular? Devia ter um curso: “Bem-vinda ao mundo das solteiras. Saiba como e quando fazer”...

E aí, já viu né?

Claquete. Cena 1, gravando.

Ele pede para colocar a camisinha.
Ela fica nervosa.
Ele respira para manter a concentração.
Ela não acerta.
Ele obviamente... falha.
Ela fica arrasada.
Ele arrasa ela.
Corta!


Claquete. Cena 2. gravando.Ação!
Inércia.
Thelma e J.D. ficam deitados na cama um tempo, conversam meia dúzia de “sei lá, entende?” e depois ele vai embora.
J.D. some.
Thelma liga.
Ele não atende mais... Nunca mais.
Corta!


Thelma não tinha percebido que J.D. estava, na verdade, revivendo um grande amor através dos lábios dela. A emoção, o calor daqueles beijos... se foram. J.D. sumiu. Ela não teve dúvida: ele ficou mexido por causa da Louise.

Mas, devagar com o andor... E, se (vivemos fazendo essa pergunta, Sophia que o diga, Bia que não nos escute...) ele sumiu porque se frustrou por estar com uma mulher madura mas sem qualquer prática?

Moral da história: a gente nunca vai saber. Mas, conselho prático: aprenda a colocar uma camisinha... Pelo menos o sexo vai ser garantido.


D.B: Nem sempre sair é a melhor pedida. Nesses dias frios, nada melhor que um endredon, um vinho e uma boa companhia. Se você não tiver nenhum dos três, não faz mal. Curte um filme sozinha mesmo!!! Bia e Sophia indicam Thelma e Louise. A história de duas amigas, Thelma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon), que saem para pescar num tranqüilo fim de semana. Tudo era para ser bucólico, mas as amigas acabam fugitivas da lei depois que uma delas mata um homem durante uma tentativa de estupro. Começam as complicações. As duas tentam escapar do FBI e dão carona ao bonitão J.D. (Brad Pitt). O cara é malandro, ex-presidiário e vai seduzir e depois roubar a medrosa dona de casa Thelma. Um sucesso que foi indicado para vários Oscars, como atriz (Geena Davis e Susan Sarandon), diretor (Ridley Scott) e levou o de melhor roteiro.

8 comentários:

  1. This summer:

    Quando Balzac encontra Bergerac.

    Cyrano perde.

    Qualquer semelhança...

    Vinho e edredom, é?

    Coming soon.

    (Thelma e Louise foi ótimo! Xô, melancolia!)

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  2. O resto é o resto e o que fica é a cumplicidade entre amigas ...

    Xô homens insensíveis! J.D. ainda precisa crescer...

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  3. Amigas que são amigas dividem os maiores segredos, são cúmplices. Compartilhar uma história dessas com uma amiga deve ser maravilhoso. E viva a amizade !!!!

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  4. hahahaahaha que que isso minha gente!!!...putzz, não sei se é uma historia hilária ou cômica, mas enfim como disse a pessoa anônima “ VIVA A AMIZADE!!” hahahaaha...dessa vez estou sem palavras realmente esse mundo é pequeno, mesmo que seja em um mundo virtual é a net não é mais a mesma!! Rsrssrsrsr bjosss

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  5. Amigos amigos, negócios a parte... É pura encrenca entrar em um jogo desses pq alguém se machuca. Será que J.D. foi realmente infantil ou soube se preservar??? Menage a trois, só pra quem tem estrutura, né? E aplausos pros cursos de camisinha com banana, com o que quiser...

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  6. O mundo virtual é um novo cenário na vida contemporânea. Se no mundo real as pessoas já querem maquiar a sua vida e o seu personagem, imaginem no mundo fantasioso do sítio dos relacionamentos... As pessoas teclam e montam o seu perfil projetando o que gostariam de ser... e às vezes podem até se tornar... mas sinceramente... nesse ponto sou dos tempos antigos... adoro o olho no olho, o arrepio na pele, o frio na barriga e aquela sensação estonteante que só ao vivo e a cores dá pra sentir... Tenho uma história recente sobre o mundo virtual, que me aterrorizou...Depois eu conto! Hehehe, não se passou exatamente comigo... mas me fez refletir sobre a busca incessante das pessoas pra preencher o vazio, os anseios, os desejos e ai de nós, as expectativas por um “par perfeito”, uma “alma gêmea”, e essas... sinceramente, acho tão inviáveis serem preenchidas nos formulários e protocolos do mundo virtual! Prefiro o mundo real: tão mágico, tão complexo e tão cheio de magnetismos! Viva a vida real!

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  7. Não sei não...mas acho que esse J.D é quem é atrapalhado. Na hora "H" bem que podia com uma das mãos dar uma ajudazinha, ou será que ele ficou com medo de não dar conta do recado...rs...rs.
    Adorei a história!
    Beijos,
    Graça Leite

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  8. O negócio é sério mesmo. Igual a esse JD tem de montes! Amei essa historia! Beijos, Luana Anubis

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