quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A vida não é justa (Mas poderia ser pior)

Sexta-feira no trabalho, pressão total. O telefone não pára. Todos os clientes ensandecidos, querendo tudo pra ontem... pra anteontem. São 10 e-mails pipocando por segundo, todos exigindo respostas urgentes. A loucura é tanta que você mal tem tempo de filtrar aquele que promete uma balada imperdível – desde, é claro, que você confirme a presença a tempo. Como tudo que você não tem é tempo, você só vê o e-mail no fim do dia, e simplesmente perde a bocada.

A vida não é justa, mas poderia ser pior. Ainda poderia ser segunda-feira.

Ele te chama pra sair, mas hoje você realmente não pode. A empregada não pode ficar com as crianças, você vai ficar até mais tarde no trabalho, tá detonada da noitada de ontem... enfim, hoje não vai dar. Você manda um torpedo quilométrico, daqueles de três, quatro páginas, gasta todo o seu português pedindo desculpas e dizendo que dias melhores virão – precisa deixar mais claro de que você espera por um outro convite? Pelo visto precisa, pois a resposta vem simples e objetiva: Ok. Bjs.

A vida não é justa, mas poderia ser pior. Ele poderia responder simplesmente: Ok. Ou nem mesmo responder.

Você combina um encontro e antes da hora H aparece aquele outro prospect, com quem você esbarra de vez em sempre. Você corre pro banheiro, inventa uma desculpa, desmarca o encontro com o outro, e quando você volta toda aliviada, já se preparando pra nova investida... percebe que o filho-da-mãe foi embora.

A vida não é justa, mas poderia ser pior: você poderia ter levado o bolo.

Volta e meia você dá de cara com o carinha e tudo indica que ele tá “disponível” – sempre livre, leve e solto. Sinal verde pra um... quem sabe? Natural que você se empolgue. Até que uma bela noite, você o encontra de novo, agora acompanhado de uma mulher. E ele a apresenta como "minha mulher" (e aquela voz no seu ouvido fica ali ressoando que nem repique: minha mulher, minha mulher, minha mulher...).

A vida não é justa, mas poderia ser pior: ele poderia estar te apresentando o namorado, ou pior, o marido dele.

Você tenta ampliar o seu networking [lembra daquela história de que o mundo é um Orkut?], mas por mais que você avance, os dados não falham. Você volta duas casas, e acaba sempre recomeçando o jogo. As figurinhas repetidas do passado vivem te rondando, que nem fantasmas [boo!]. E o pior, você ainda cai nessa... diversas vezes.

A vida não é justa, mas poderia ser pior: eles poderiam ter péssimas lembranças de você.

Você já sai com ele há algum tempo, e vem se preparando pro que tiver que rolar. Só que você não contava que a coisa fosse tãããããoooo devagaaaar. Mas eis que um dia o gigante adormecido acorda e... dessa vez, vai dar pé! Claro que a lei de Murphy impera, e justamente nesse dia você tá com aquela calcinha velha, que não combina em nada com o sutien. E é óbvio que a depilação não poderia estar em dia!

A vida não é justa, mas poderia ser pior: você poderia estar naqueles dias.

Seu ex não comparece. Deixa seus filhos fazerem o que bem entenderem, caga pro que eles comem, pro que eles vestem ou pra onde vão. Diz que não sabe quando vai poder pegá-los, que não pode ajudar nas contas e que prefere nem te ver – melhor mesmo nem falar com você. Mas não hesita em telefonar sempre que precisa de algum dinheiro emprestado.

A vida não é justa, mas poderia ser pior: você poderia não ter tido coragem de sair fora dessa.

E antes que os críticos digam que este post está muito Pollyanna...

A vida não é justa, mas poderia ser pior: você poderia não acreditar que tudo pode mudar.

Quer continuar a brincar com a gente do “Jogo do Contente”? Só depende de você. Pois tudo – simplesmente tudo – pode mudar. E o melhor... Sempre pra melhor!

Dica das Blogueiras: Hoje, quarta-feira (Já estamos no meio da semana! Anime-se! Ainda poderia ser segunda...) rola no Canecão o show de lançamento do filme e do CD de Brasileirinho (www.brasileirinhofilme.com.br). O documentário de Mika Kaurismäki é sobre o choro, considerado a primeira música popular urbana típica do Brasil. Gênero de música que, apesar do nome, é em geral de ritmo agitado e alegre (bem Pollyanna), caracterizado pelo virtuosismo e improviso dos participantes. Quem comanda o show desta quarta são os chorões Yamandu Costa, Silvério Martins, Trio Madeira Brasil e Zé da Velha.

11 comentários:

  1. A ñ é justa, mas poderia ser pior: Vcs poderiam ter passado a vida inteira sem me conhecer!!!

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  2. A vida é injusta, mas é muito divertida!

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  3. Não é justa mesmo! A gente poderia amargar tudo isso e ainda por cima não ter dinheiro algum pra sair...

    Imaginem só nossas colegas balzaquianas separadas e com filhos de classes menos favorecidas? Não devem nem pensar isso tudo que remoemos..só dá pra trabalhar, lavar, passar, pegar o trem que bateu em Austin, fazer o jantar para os filhos, acordar as 6 da manha, lavar, faxinar a casa da madame e passar roupa mais tantas vezes e voltar pra casa no final da noite e encontrar a casa toda bagunçada! E recomeçar a mesma rotina de lavar, cozinhar, passar em seus lares.

    Ainda bem que somos iluminadas e privilegiadas! Que Deus continue nos protegendo e que dê forças a todas as balzaquianas provedoras de lares!

    Ai,ai! É isso, gente! Dá licença que agora eu vou ao shopping botafogo almoçar com mamãe, peruar um pouco e fazer minhas unhas!! Meus filhos estão no finde rodada com pai e estou soltinha nas minhas férias quinzenais maternais!

    Bjos, PODEROSAS

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  4. Meninas, vcs não vão acreditar! O Carlinhos ganhou um par de convites para pré-estréia do filme “Brasileirinho” semana retrasada, se não me engano no Cine Odeon.
    No dia, meu celular descarregou e dei treinamento a tarde toda. Fui direto para a hidroginástica e moral da história: não nos comunicamos e perdemos o filme.
    Ficamos com “cara de bunda” em casa (rsrsrs), assistindo TV, sem acreditar no que tinha acontecido.

    Agora, depois de ler este post, estou pensando cá com meus botões: A vida é dura, mas podia ser pior... Ele podia ter convidado outra pessoa! Cruzes! hahaha

    Bjosssss

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  5. Podia ser pior ainda, Heloísa. Ele poderia ter chamado a sra. sua sogra pra ver tv com vocês!

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  6. Obrigada, Bia! Depois deste post e principalmente após o seu comentário, estou vendo a vida com outros olhos!

    A vida é dura, mas é linda demais... hahaha

    Que maldade!

    Bjos

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  7. A Vida não é justa, mas poderia ser pior...
    Seria pior se não tivéssemos liberdade de escolhas...se não fossemos corajosas e arriscássemos...Tudo ou Nada, em busca de felicidade e paz de espírito!
    Poderia ser pior...se o marido que vc simplesmente enjoou...não fosse nnca mais embora e de quebra ainda trouxesse a mãe dele pra morar em nossa casa...

    Podia ser pior...graças a Deus, que não é! É difícil...injusta sim, mas sempre conseguimos driblar as dificuldades... e no final...tudo fica bem!

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  8. Caraca...
    Apesar de poder ser pior, tem horas que a vida extrapola na injustiça...
    Sacanagem...você desenrola sua vida de um lado, dá um suspiro aliviada e de repente olha para dentro de si e vê??? Vê que já se encrencou de novo!!!
    Que a brincadeira que você jurava estar sob total controle, ta totalmente descontrolada...vê que vc planejou tudo milimetricamente, mas que os planos falharam...Hora de repensar!!! Mas já? Tão rápido?
    Essa é uma das injustiças da vida, a velocidade dos acontecimentos...mas estes tbm poderiam ser piores, tudo depende do ponto de vista e da situação...

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  9. O melhor texto que li neste blog até hoje!
    "mas poderia ser pior..." (Brincadeira!)

    É inspirador, mas não sei se tenho coragem de prosseguir com o "jogo do contente".

    Posso adiar esse comentário?
    Vou linkar o texto!

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  10. Meninas,

    Mt pior seria se ainda vivêssemos no tempo das nossas bisavós, que mantinham o casamento pq eram dependentes financeiramente dos maridos ou tinham medo da separação pq seriam rejeitas pela sociedade. Fora que mts delas morreram sem atingir um orgasmo! Coitadas!!!!!
    Hj a vida pode ser dura, mas somos profissionais e independentes financeiramente. Podemos escolher um marido/namorado que “chegue junto” e que saiba aproveitar a vida com a gente.

    A vida hj pode ser dura, mas é boa d+!

    Bjossss

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  11. Bia e Sofia, esse texto é especialmente p vcs e p todas as balzacas depiladas ou p as q ainda vão aderir a esse sofrimento viciante rs rs.

    "Tenta sim. Vai ficar lindo.
    >
    >Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me
    >render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez
    >quilos mais leve.
    >Mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu
    >namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu
    >imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso
    >aconteceria. Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás
    >nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecológica-estética.
    >
    >- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.
    >
    >- Vai depilar o quê?
    >
    >- Virilha.
    >
    >- Normal ou cavada?
    >Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era
    > pra fazer, quis fazer direito.
    >- Cavada mesmo.
    >- Amanhã, às... Deixa eu ver...13h?
    >- Ok. Marcado.
    >
    >
    >Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves,
    >porque sabia lá o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim,
    >pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim
    >que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona.
    >Oba, vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o
    >local onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo
    >entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias
    >cortinas brancas. Por trás delas ouvia
    >gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue.
    >Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão.
    >Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.
    >
    >- Querida, pode deitar.
    >
    >Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na
    >maca. Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de
    >frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi
    >coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma
    >pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um
    >barbante na mão. Fingi que era natural e
    >sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela
    >passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.
    >
    >- Quer bem cavada?
    >
    >- ..é... é, isso.
    >
    >Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da
    >Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.
    >- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer
    >mais ainda.
    >- Ah, sim, claro.
    >Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas
    >confiei.
    >De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada
    >de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça). - Pode abrir as
    >pernas.
    >- Assim?
    >
    >- Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois
    >joga cada perna pra um lado.
    >- Arreganhada, né?
    >Ela riu. Que situação. E então, Pê passou a primeira camada de cera
    >quente em minha virilha Virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a
    >hora de puxar.
    >
    >Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse
    >saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive
    >coragem de olhar. Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até
    >procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de
    >ligar para o Samu. Tudo isso buscando me concentrar em minha
    >expressão, para fingir que era tudo supernatural.
    >Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia
    >esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.
    >- Tudo ótimo. E você?
    >Ela riu de novo como quem pensa "que garota estranha". Mas deve ter
    >aprendido a ser simpática para manter clientes.
    >
    >O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de
    >espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a
    >depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me
    >fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer
    >sozinhas.
    >- Quer que tire dos lábios?
    >- Não, eu quero só virilha, bigode não.
    >- Não, querida, os lábios dela aqui ó.
    >Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz, que
    >idéia. Mas topei. Quem está na maca tem que se fuder mesmo.
    >- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.
    >Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho
    >de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
    >- Olha, tá ficando linda essa depilação.
    >- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.
    >
    >Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a
    >respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi
    >que fosse um pesadelo. "Me leva daqui, Deus, me teletransporta". Só
    >voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.
    >- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá? - Pode
    >pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
    >Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe
    >arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la.
    >Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.
    >- Vamos ficar de lado agora?
    >- Hein?
    >- Deitar de lado pra fazer a parte cavada.
    >Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei
    >esperando novas ordens.
    >- Segura sua bunda aqui?
    >- Hein?
    >- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.
    >Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela
    >estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto,
    >à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar,
    >gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei
    >pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido
    >perguntaria:
    >- Tudo bem, Pê?
    >- Sim... sonhei de novo com o cu de uma cliente.
    >Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o
    >aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks. Não sabia
    >se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei
    >que ela deve ver mil cus por dia. Aliás, isso até alivia minha
    >situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí
    >me veio o pensamento: peraí, mas tem
    >cabelo lá?
    >Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que
    >a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer
    >coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra
    >contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo
    >tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.
    >
    >- Vira agora do outro lado.
    >Porra.. por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei
    >novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado
    >novamente abre a cortina.
    >- Penélope, empresta um chumaço de algodão?
    >Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais,
    >vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra
    >quem?
    >Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo
    >Penélope. E agora a vizinha inconveniente.
    >
    >- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.
    >- Máquina de quê?!
    >- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
    >- Dói?
    >- Dói nada.
    >- Tá, passa essa merda... - Baixa a calcinha, por favor.
    >Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém
    >fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído
    >por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cu. O que seria
    >baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem
    >agradável.
    >- Prontinha. Posso passar um talco?
    >- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.
    >- Tá linda! Pode namorar muito agora.
    >
    >
    >Namorar...namorar... eu estava com sede de vingança. Admito que o
    >resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais.
    >Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda,
    >protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei
    >antidepilação cavada.

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