sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pu-ta-quiu-pa-riu. Era o melhor goleiro do Brasil



Em fevereiro – graças a Deus – tem carnaval, sou Flamengo e de quatro em quatro anos no meio do ano o mundo pára para olhar uma bola.



A jabulani ainda está em campo, o Brasil não está mais lá, mas o mundo está olhando pra nós. 2014 é com a gente mesmo. A pátria de chuteiras, pentacampeã, a seleção canarinho (maldita camisa azul), celeiro dos melhores do mundo.



Os melhores do mundo...

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Meu filho veste o uniforme, calça a chuteira, me dá um beijo e um abraço e vai pro futebol. Dez anos, já tá indo sozinho! No quarto, o pôster do Flamengo já não está lá. Era o pôster do Brasileirão, hexacampeonato do Mengão.

Ele nunca mais vai gritar Puta-quiu-pariu. É o melhor goleiro do Brasil!!!

A maior torcida do Brasil está estarrecida. O Brasil está estarrecido.
Ou deveria estar. E a gente não deveria ver coisas (não consigo adjetivar) como isso http://twitter.com/alee_alcantara/statuses/17909647237

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Matéria do Estadão, de 4 de julho: Dez mulheres são mortas por dia no País E muitas delas poderiam ser evitadas. Como a de Eliza.

Os números mostram que as taxas de assassinatos femininos no Brasil são mais altas do que as da maioria dos países europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5 caso por 100 mil habitantes, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul (25 por 100 mil habitantes) e Colômbia (7,8 por 100 mil).

“Quanto mais machista a cultura local, maior tende a ser a violência contra a mulher”, afirmou a psicóloga Paula Licursi Prates, doutoranda na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, que realiza estudos sobre homens autores de violência.




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A advogada de Eliza Silva Samudio, Anne Faraco, é especialista em vara de família. E em casos envolvendo jogadores de futebol.

É. Isso mesmo. Advogada especializada em amantes de jogadores de futebol. Existe isso. Porque existem muitos deles que compram carrões, compram mansões, compram mulheres.



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Quantos meninos não sonham em ser um jogador de futebol? O melhor do Brasil? O melhor do mundo?

Muitos não têm outra oportunidade na vida se não a sorte de ser visto por um olheiro. E se tiver talento e sorte de chegar a um grande time, aí sim, as coisas começam a mudar. Patrocínios, passes, milhões.



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O caso Bruno é obviamente um caso extremo. Psicopatia... enfim, muita notícia vai rolar. O lado podre da mídia vai explorar cada detalhe sórdido do assassinato. E a gente que mal se recuperou do caso Nardoni, vai ter muito jornal a virar, e canal a mudar diante dos filhos que não conseguem entender.

Eu não consigo explicar.

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Esse post tá um bocado desconexo. Eu tinha que botar isso pra fora de alguma maneira.

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Quando o Brasil perdia da Holanda, meu filho passou os 3 minutos de acréscimo chorando agarrado na minha cintura. ‘Não deu, mãe’. Choramos juntos com o goleiro Júlio César, quando ele pediu desculpas aos brasileiros. E lembrei a ele que daqui a quatro anos a bola tá com a gente.



(continua)

Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher

5 comentários:

  1. Desconexo fiquei eu ao ler o link do Twitter... e comentário de uma mulher, hein, pasme...

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  2. mais uma história de horror que nos será enfiada goela abaixo.

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  3. Triste, muito triste esta história. Mas ela não começou com esse desfecho marcado pelo ódio. Dêem uma olhada na trajetória dos pais dos envolvidos. Penso também no menino. Torço para que o círculo vicioso se rompa...

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  4. chorou com o julio cesar.. que bonito...
    mas embre-se que ele foi embora do flamengo porque estava enovlvido com o traficante bem te vi da rocinha .... ou seja, tão bandido quanto qq outro.

    E quanto ao bruno, o que me emputece é que aqui ni brasil todos são culpados até se provarem inocentes. quando a constituiçao deveria garantir o contrario.

    O caso é baseado todo no depoimento de um menor de idade e foi dado sem nenhum tutor dele presente. OU seja, vai dar em nada.

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  5. Vá, eu também não consigo explicar...

    Poderia ser eu, você, qualquer uma de nós...

    Precisamos analisar a violência como algo que vem permeando e pasme, com muita aceitação na nossa sociedade, o cotidiano de cada um de nós.

    Quando o Bruno disse "em briga de casal ninguém mete a colher" e "qual o casal que nunca brigou e se estapeou", essas são só reproduções de frases que ouvimos repetidamente todos os dias por pessoas, pessoas comuns, pessoas como nós, às vezes leigas, outras, profissionais da área humana, mas que enfim, aceitam, naturalizam e banalizam a violência, inclusive fazendo e recontando piadas de mal gosto tal como: "ela virou Bonzo, comida de cachorro".

    Quanto aos psico e sociopatas convivemos com eles todos os dias sem que saibamos de sua essência, raros são os casos que chegam a matar, porém, corações partidos com crueldade, mentes manipuladas com frieza e bolsos vazios, são algumas das histórias colecionadas todos os dias, a maioria por mulheres, mulheres como nós.

    Que cada um e cada uma de nós consiga romper esse ciclo, reconhecendo a violência e se indignando em suas primeiras (e aparentemente) inocentes manifestações.

    É, é estarrecedor! Sem explicação.

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