domingo, 9 de maio de 2010

Janelas, panelas e quintais


Sexta-feira, 20h30, escritório. No monitor, 12 janelas abertas no firefox, cinco no i.e., duas no chrome. Na mesma sala, três mães, cada qual administrando suas janelas profissionais e pessoais.

Na ida e volta para o banheiro - tempo que você se dá para priorizar quais tarefas, demandas e emails não respondidos ficarão cozinhando até segunda -, lembrei que era final de semana das Mães.

Quer saber? Queria bem ganhar uma panela!

Desde que me entendo por gente, escuto minha mãe falando que, se a gente (eu e meus irmãos) um dia desse uma panela ou qualquer utensílio doméstico de presente, ela atiraria o objeto nas nossas cabeças. 'Presente de casa é para a casa, eu quero é um presente pra mim', dizia ela.

E assim cresci com a convicção de que me tornaria independente, trabalhadora, solteira. Sem panelas. Só janelas.


Quis o destino (destino?), que eu me apaixonasse, engravidasse, casasse, procriasse 2 vezes, e mais tarde me separasse. Hoje tô aqui solteira de novo. Na cozinha, muitas panelas velhas.

E se eu amanhã fosse ganhar uma panela nova, provavelmente não estaria aqui com uma das janelas no streaming do TEDXSudeste; outra nos posts, comentários e emails do grupo do Nepô; outra na last.fm, para pensar no repertório da Tribo do Tambor; outra na Escola 24 horas, para ver as tarefas que o Pedro não fez; outra no Facebook, interagindo com os pensamentos dos amigos; outra no twitter, acompanhando a hashtag que tem a ver com o trabalho...

Vai ver eu estaria vendo a novela das 6. Ou preparando o jantar para as crianças (quem sabe até para o marido também?), com a mão cheirando a alho e os olhos ardendo à cebola.

Talvez seja essa a mãe que meus fihos gostariam de ver na sala ou na cozinha mais vezes. Não quis o destino (?) deles que fosse assim.


Essa que agora está aqui no quarto, blogando na madrugada de um sábado à noite, quer crescer profissionalmente, quer reconstruir sua vida como mulher, quer continuar estudando, quer viajar o mundo, quer transformar o mundo.

Mas também quer mais tempo para ver seus filhos crescerem, seguindo o destino (?) que a vida lhes reservar. Quer brincar de casinha de vez em quando, quer cuidar das plantas, quer experimentar uma receita numa panela nova...

Quer dizer à sua mãe que só as mães são felizes. Feliz dia, mãe! Feliz dia, mães!

7 comentários:

  1. Valeu, Carla! Feliz dia para você!

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  2. Encantador(a): o texto e sua sensibilidade!

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  3. Eu, ainda com todas as minhas janelas abertas(lidas e não lidas)ainda prefiro conquistar o mundo, estudar mais e ainda ter tempo precioso e serenidade necessária para ver meus filhos crescerem e estar - de verdade - com eles. Definitivamente, não quero panelas.
    Parabéns Bia! Parabéns todas as mães guerreiras, felizes, que querem acertar. bjs

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  4. Parabéns pelo texto.

    Mulheres como vocês fazem a diferença e demonstram desde cedo aos seus filhos o quanto são importantes tendo tais responsabilidades. Em relação às janelas abertas, me atrevo a acrescentar que também possuem flores, flores que demonstram possuir sensibilidade, encanto e desejos de mulher ao serem amadas, mimadas, queridas ou apenas abraçadas para lhes causar aquele aconchego merecido.

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  5. Há 20 anos, sua voz se calou, mas deixou para nós suas letras, toda a expressão de uma geração. Grande Cazuza.
    Legal o seu Blog.
    Bjos.
    Helio

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  6. Parabens pelo post, creio que não é facil ser mulher e mãe. A cobrança á alta demais, mas creio que é gratificante ao ver o sorriso no rosto dos filhos e estes crescendo e dando mais galhos à arvore genealógica.
    Aproveito a sorte de estar aqui em seu blog e lhe convido para opinar em meu trabalho que já dura quase três meses (O Diário de Bronson).

    Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

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